ATA DA QUADRAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-5-2003.

 

 


Aos vinte e nove dias do mês de maio de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elias Vidal, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juvenal Ferreira, Maria Celeste, Raul Carrion, Renato Guimarães e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Darci Campani, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Quarta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Aldacir Oliboni, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 010/03 (Processo n° 2559/03); pelo Vereador Cassiá Carpes, 13 Pedidos de Providências; pela Vereadora Clênia Maranhão, o Projeto de Resolução n° 052/03 (Processo n° 2597/03); pelo Vereador Zé Valdir, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 124 e 125/03 (Processos n° 2641 e 2643/03, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios n°s 10174193 e 10174201/03, do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; Comunicados n°s 004139 e 015824/03, do Senhor Hermes Ricardo Matias de Paula, Secretário-Executivo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, às Senhoras Marina Souza da Luz e Roseli Cezar dos Santos, representantes da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua – ACMDMR, que discorreram a respeito das dificuldades enfrentadas por ex-moradores de rua, narrando a atual condição de vida dessas pessoas. Ainda, instaram por auxílio desta Casa no esclarecimento da intenção do Executivo Municipal em desalojar os moradores de área conhecida como "Casarão da CEEE", situada na Rua Washington Luiz, transferindo-os para prédio situado na Avenida Padre Cacique. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Renato Guimarães, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Raul Carrion e Ervino Besson manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e vinte e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elias Vidal, analisando as ações que vêm sendo implementadas pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, especialmente as relativas ao Programa Fome Zero, asseverou que a motivação norteadora desse programa é elogiável, mas insuficiente para a erradicação da pobreza existente no território brasileiro. Ainda, defendeu a necessidade de criação de novas oportunidades de emprego como solução para o problema. O Vereador Elói Guimarães, narrando visita do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, acompanhado de Secretários Municipais e representantes do Orçamento Participativo, a este Legislativo, a fim de proceder à entrega de Projeto de Lei que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município para o ano vindouro, externou preocupação quanto aos recursos financeiros da Cidade. Ainda, sugeriu a criação de Comissão Temporária nesta Casa, com a finalidade de apreciar a atual situação financeira do Executivo Municipal. O Vereador Ervino Besson, anunciando protocolização de Projeto de Lei que visa a reduzir o número de dias em que será concedido passe livre nos ônibus do sistema de transporte coletivo do Município de Porto Alegre, discorreu sobre os motivos que levaram Sua Excelência a propor o referido Projeto. Nesse sentido, argumentou ser necessária a revisão da legislação atinente ao tema e que os recursos oriundos da redução desses benefícios sejam destinados a alunos carentes da comunidade porto-alegrense. Na oportunidade, o Senhor Presidente comunicou que o Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre, acompanhado de Secretários Municipais e representantes do Programa de Orçamento Participativo, visitou este Legislativo para proceder à entrega de Projeto de Lei que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município para o ano dois mil e quatro, anunciando o rito regimental concernente à apreciação dessa matéria. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juvenal Ferreira, externando a satisfação de Sua Excelência em assumir o exercício da vereança nesta Casa, dissertou a respeito das razões que o conduziram a integrar o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB. Nesse contexto, enumerou benefícios trabalhistas obtidos no período do governo do Presidente Getúlio Vargas e ressaltou a importância da criação de oportunidades de emprego que viabilizem o exercício da cidadania a todo o povo brasileiro. O Vereador Nereu D’Avila, referindo-se à intenção do Executivo Municipal em implementar regras para a circulação de veículos de tração animal nas vias públicas de Porto Alegre, citou debate ocorrido no dia de hoje, no programa denominado Polêmica, do jornalista Lauro Quadros, na Rádio Gaúcha, com a presença dos Vereadores Luiz Braz e Beto Moesch, de representante da Prefeitura de Porto Alegre e de proprietários de veículo de tração animal da Ilha dos Marinheiros. O Vereador Isaac Ainhorn, reportando-se à visita do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, acompanhado de Secretários Municipais e representantes do Orçamento Participativo, ocorrida na manhã de hoje, a este Legislativo, destacou a necessidade de esclarecimentos quanto à real situação das contas da Prefeitura Municipal. Quanto a esse aspecto, defendeu que o desencontro de informações acaba gerando instabilidade e que urge sejam tais discrepâncias elucidadas. O Vereador João Carlos Nedel reportou-se ao aporte de recursos federais para o Município de Porto Alegre, contestando estimativas apresentadas pelo Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, relativas a provável déficit nas contas municipais. Nesse sentido, criticou as políticas de desenvolvimento econômico implementadas pelo Executivo Municipal e propugnou pela implementação de nova linha de metrô em Porto Alegre, destacando os potenciais benefícios que essa medida trará à população local. O Vereador Juarez Pinheiro analisou decisão prolatada no dia vinte e seis de maio do corrente pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, a qual declarou a inconstitucionalidade da Lei Municipal nº 7.109/92, a qual regulamentava a abertura do comércio aos domingos na Cidade de Porto Alegre. Nesse sentido, teceu considerações sobre os efeitos que tal decisão acarretará aos comerciários e defendeu a revisão da mesma, através de Recurso Extraordinário perante o Supremo Tribunal Federal. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 057/03, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 106/03, discutido pelas Vereadoras Clênia Maranhão e Maria Celeste, e 109/03, discutido pela Vereadora Maria Celeste, os Projetos de Resolução nºs 048 e 047/03, este discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo e Zé Valdir; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 006/03, discutido pelo Vereador Elias Vidal, 043, 083 e 088/03, este discutido pela Vereadora Clênia Maranhão, 095 e 104/03, os Projetos de Lei do Executivo nºs 017, 018 e 019/03, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 005/03, o Projeto de Resolução nº 046/03. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença dos Vereadores Danilo Cestari Filho, do PDT, Presidente da Câmara Municipal de Cidreira - RS, e José Lindomar Andrade de Fraga, do PTB do mesmo Município. Também, o Vereador Beto Moesch informou que os Senhores Vereadores integrantes da Comissão de Saúde e Meio Ambiente se ausentariam da presente Sessão, a fim de se deslocarem até o Hospital Presidente Vargas, para averiguar denúncias de que pacientes estariam recebendo alta antes do tempo devido à falta de condições para sua manutenção no referido hospital, em razão da falta de repasses de verbas do Poder Público, tendo os Vereadores Renato Guimarães e Beto Moesch manifestado-se a respeito e o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion externou sua satisfação pela aprovação, ocorrida no dia de ontem, pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, de Projeto de Lei que estabelece o Estatuto do Idoso. Também, lamentou a decisão prolatada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, a qual declarou a inconstitucionalidade da Lei Municipal nº 7.109/92, que estabelecia condições para a abertura do comércio aos domingos na Cidade de Porto Alegre. O Vereador Pedro Américo Leal salientou a importância dos debates realizados na Câmara Municipal de Porto Alegre para a busca de soluções para os problemas enfrentados pela população local. Também, pronunciou-se sobre proposta atualmente em estudo nesta Casa, que estabelece alterações no Regimento deste Legislativo, destacando a necessidade de que, no texto desse diploma legal, seja valorizada a concessão de apartes durante os pronunciamentos dos Senhores Vereadores. Após, o Vereador Luiz Braz formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando fosse viabilizada a participação do Vereador Pedro Américo Leal em reunião da Comissão Especial constituída com a finalidade de analisar o novo Regimento deste Legislativo, a ser realizada no dia seis de junho do corrente. Também, o Vereador Juarez Pinheiro formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando fosse viabilizada também a participação da Vereadora Maria Celeste na referida reunião. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador João Antonio Dib informou o comparecimento, a este Legislativo, no dia de hoje, do Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre, que procedeu à entrega de Projeto de Lei que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município para o ano dois mil e quatro. Também, justificou o deferimento de autorização aos Senhores Vereadores integrantes da Comissão de Saúde e Meio Ambiente para que, no dia de hoje, se dirigissem ao Hospital Presidente Vargas para averiguar denúncias de irregularidades no atendimento prestado aos seus pacientes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Marcelo Danéris referiu-se à presença, na manhã de hoje, nesta Casa, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, a fim de proceder à entrega do Projeto de Lei que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município para o ano vindouro e para esclarecer as medidas adotadas por Sua Excelência para evitar a ocorrência de déficit financeiro nas contas do Município de Porto Alegre. Também, explicou aspectos alusivos ao aporte de recursos públicos para a área da saúde pública de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores João Batista Bames Pinto e Filipe Busatto, integrantes da Juventude Socialista Brasileira do Município de Gravataí - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão registrou o transcurso, no dia vinte e oito de maio do corrente, do Dia de Luta contra a Mortalidade Materna, salientando a importância do trabalho desenvolvido pelos Comitês de Prevenção à Mortalidade Materna em todo o Brasil e analisando dados estatísticos referentes à questão. Nesse sentido, propugnou pela adoção de medidas públicas que garantam o acesso das gestantes ao acompanhamento médico pré-natal e a redução no número de casos de mortes de parturientes. A seguir, o Vereador Zé Valdir solicitou fosse realizada verificação de quórum, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre as normas regimentais alusivas ao assunto e tendo o Vereador Zé Valdir formulado manifestações a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz manifestou-se sobre a vinda, a esta Câmara Municipal, na manhã de hoje, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, afirmando que Sua Excelência não prestou esclarecimentos acerca das medidas anunciadas para a redução de despesas do Executivo Municipal, a fim de evitar a ocorrência de déficit financeiro nas contas públicas e declarando ser contrário à aprovação, nesta Casa, de qualquer proposta que institua aumento de tributos em Porto Alegre. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Inocente Grando, do PSB, Presidente da Câmara Municipal de São Valentim - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes pronunciou-se sobre o comparecimento, a este Legislativo, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, ocorrido hoje. Também, externou sua contrariedade ao funcionamento do Programa de Orçamento Participativo, à instalação do Conselho Municipal de Desenvolvimento - COMUDES - e destacou a necessidade de que a Câmara Municipal de Porto Alegre exerça, em sua plenitude, todas as suas prerrogativas fiscalizatórias constitucionalmente previstas. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Leomar Fraga, do PTB do Município de Cidreira - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia teceu considerações sobre o Projeto de Lei enviado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional, o qual estabelece alterações no sistema público de previdência social brasileiro, contrapondo-se a dispositivos constantes nessa proposta, os quais, segundo Sua Excelência, trarão excessiva onerosidade aos servidores públicos e propugnando pela realização de um amplo debate neste Legislativo no que concerne à questão. O Vereador Reginaldo Pujol reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Carlos Alberto Garcia em Comunicação de Líder, tecendo críticas às reformas pretendidas pelo Governo Federal para as áreas da previdência social e tributária. Com relação ao assunto, considerou serem essas medidas pretextos para atingir o superávit financeiro e, dessa forma, honrar compromissos assumidos com organizações financeiras internacionais e com o Fundo Monetário Internacional – FMI. Às dezesseis horas e cinqüenta e um minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães e Maria Celeste e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A entidade que ocupará o tempo é a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua, para tratar de assunto relativo à transferência dos moradores do casarão da CEEE para terrenos do DEP. O tempo será usado pela Sr.ª Marina Souza da Luz e pela Sr.ª Roseli Cezar dos Santos.

 

A SRA. MARINA SOUZA DA LUZ: Somos ex-moradores de rua. Houve uma luta, uma organização, caminhadas e negociações com o Poder Público Municipal, Houve, por parte do grande grupo que habitava os galpões do Parque Harmonia, uma conscientização do nosso sofrimento de andar com os nossos pertences nas costas, todos os dias, de um lado para o outro.

Nós nos organizamos com a ajuda da nossa Assistente Social, que é voluntária. Chegamos ao que hoje somos: uma comunidade que tem autonomia, geração de renda própria; preocupação, sim, com as nossas crianças pequenas e hoje estão freqüentando creches em tempo integral. As crianças em idade escolar todas na Escola Estadual Euclides da Cunha; cinco adultos freqüentando o 2.º Grau; temos um estatuto interno que nos organiza dentro de normas com respeito um com o outro.

Viemos hoje aqui, na Casa do Povo, pedir socorro aos Srs. Vereadores. Tentamos saber o que estava acontecendo ao nosso lado com a Secretaria-Geral do Município e não tivemos resposta. Quem nos deu a informação referente à obra do terreno do antigo DEP, na Av. Padre Cacique, n.º 1365, foram os pedreiros, dizendo que a obra seria para abrigar os moradores do antigo casarão da CEEE. E, aí, foi que cresceu a nossa preocupação de indignação, quando lemos no editorial de maio e junho de 2003, do Ver. Juarez Pinheiro, das negociações e preocupações da comunidade da Washington Luiz. Pelo que estamos entendendo, o problema não vai ser resolvido e, sim, transferido para um outro bairro.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. ROSELI CEZAR DOS SANTOS: Boa-tarde, queremos que fique bem claro: nós não viemos aqui porque não queremos essas pessoas organizadas, mas, sim, queremos saber quem vai ser o responsável pelo que irá acontecer. Nós ali sempre tivemos alguém responsável pela comunidade, que responde por nós. A nossa preocupação é: como ficarão os problemas que hoje acontecem lá na Washington Luiz?

Os senhores devem saber que seremos, automaticamente, afetados. Isso nos preocupa. Gostaríamos de saber por que essa transferência será feita para o nosso lado, sem ao menos sermos comunicados.

Estamos nos sentindo desrespeitados, pois nunca tomamos decisões sem comunicar a Secretaria-Geral do Governo. Crescemos, nos associamos e estamos prontos para ir em busca dos nossos objetivos.

Estamos, hoje, aqui, pedindo aos senhores, socorro, para que esse trabalho de dois anos não seja destruído, pois sabemos que aqui, diante de V. Ex.ªs há mães e pais que querem o melhor para os seus filhos, ou não?

Outra pergunta que nós queremos saber: vocês conseguiriam criar os seus filhos diante desse problema que está sendo colocado? Nós que lá tivemos vivência de rua, sabemos que a adolescência é a fase mais crítica das drogas. Ainda não encontramos alguém que acredite no ser humano e que invista num trabalho diferente de valorização. Pedimos pelos nossos filhos que hoje têm uma história diferente da nossa, pois não queremos para os nossos filhos o mesmo que vivemos; lutamos pelo melhor para eles. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. MARINA SOUZA DA LUZ: Estamos, sim, preocupados com as nossas crianças e com a vinculação que temos na nossa comunidade. Nunca fomos discriminados e, sim, acolhidos pelos bons trabalhos desenvolvidos e apresentados aos moradores do Bairro. Perguntamos: para que transferir o problema do casarão da CEEE para a Padre Cacique? Qual a diferença entre os moradores?

Para aqueles que não entenderam a necessidade de nossa luta, ouçam, então, que esse é o grito por nossos direitos enquanto ex-moradores de rua. Na busca da conquista, da reinserção na sociedade de fato e de direito, no mais pleno e absoluto direito.

A dignidade, a cidadania, princípio em que se baseia esse projeto, que, embora independente de instituições governamentais, esteve sempre revitalizado humanamente pela nossa grandiosa, a quem chamamos de mãe, a Sr.ª Sônia Mesquita, nossa Assistente Social. Nunca deixamos de embalar essa bandeira - MDMRua - Movimento dos Direitos de Moradores de Rua. Fazendo desse um momento de nossa voz, ouçam-nos.

Para finalizar, estamos convidando todos os Srs. Vereadores que nos ouviram nessa humilde fala para que nos visitem no nosso endereço - Padre Cacique n.° 1.391. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Convido as senhoras Marina Souza da Luz e Roseli Cezar dos Santos a fazerem parte da Mesa.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente. Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. Queríamos saudar, em nome da Bancada do PPS, a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis e o Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua. Queremos Saudar a Sr.ª Marina Souza da Luz e a Sr.ª Roseli Cezar dos Santos. Há algum tempo tenho acompanhado a mobilização das senhoras e dos senhores. Queríamos também saudar os militantes do movimento que aqui se encontram nesta Casa, permitindo, assim, que nós, Vereadores, possamo-nos aproximar mais dos problemas da nossa Cidade. Acompanho a luta e a organização de vocês, desde quando começaram a criar os galpões aqui no Parque da Harmonia, e as dificuldades que enfrentam, vivendo aqui na Padre Cacique, tão perto de nossa Câmara.

Lembro-me, também, que por várias vezes vocês receberam visitas de políticos, inclusive de Deputados do Governo, e a nossa preocupação é porque a sugestão de transferência que está sendo proposta não condiz com a necessidade e nem é fruto de diálogo com o movimento.

Eu acho que o drama que vocês trouxeram aqui, principalmente a preocupação das moradoras que são mães, que têm que enfrentar a problemática dos adolescentes em situação de risco, pois a rua é sempre um espaço de perigo, em uma cidade tão violenta como a nossa, deve, evidentemente, sensibilizar a todos nós, Vereadores e Vereadoras das diversas Bancadas. Colocamo-nos à disposição para poder negociar uma solução que corresponda a uma melhor qualidade de vida e a uma melhor produção do material reciclado. Queria nos colocar à disposição e espero que através da Câmara nós possamos ajudar no diálogo e na negociação junto ao Executivo para criar uma solução efetiva, real, para o problema que vocês vivem hoje. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, e as senhoras Marina Souza da Luz e Roseli Cezar dos Santos, que fizeram aqui a sua manifestação trazendo as suas preocupações, as suas angústias, a uma situação tão importante, complexa e delicada que é a questão habitacional. Nós achamos que essas não são as condições ideais, e vocês, trabalhadores, merecem as condições ideais. Então o que nós queremos dizer de importante é que respeitem a dignidade das pessoas nos seus anseios, e o que nós desejamos, e nos colocamos à disposição, é para nos somar aos esforços, para que se procure condições de habitação que correspondam minimamente à dignidade humana. Os nossos cumprimentos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ª Marina Souza da Luz, Sr.ª Roseli Cezar dos Santos, companheiras, é importante registrarmos, em primeiro lugar, que estivemos, em nome da Comissão, em nome da Câmara, acompanhando as moradoras do acampamento da Av. Padre Cacique em uma reunião na Secretaria de Governo. Fizemos um conjunto de tratativas com a representação da Secretaria e, de fato, não se obteve, até o momento, um retorno.

O que é importante colocar e registrar aqui é que nós estamos tratando de duas situações de uma mesma problemática, que é a situação dos moradores de rua. Nós temos o exemplo de organização, de autonomia e de independência da comunidade da Av. Padre Cacique, que foi conquistado nesse período, e vem pleiteando, vem marcando o seu espaço com isso, com geração de renda, como a companheira Roseli e a companheira Marina colocaram aqui, e toda a comunidade que está aqui, da Av. Padre Cacique, está acompanhando. Então, é um exemplo de organização de um povo sofrido, de um povo que vive na rua. E nós também temos o exemplo de uma outra comunidade, com problemas sociais semelhantes, e, em alguns aspectos, até piores, que são os moradores, também moradores de rua, são pessoas que vieram do interior e que também moram no casarão da Av. Padre Cacique, que precisam de uma solução habitacional.

O que nós temos que solicitar, enquanto Câmara de Vereadores, e eu estou a partir de agora requerendo e propondo que nós, através da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, Comissão esta que pode, pela questão de seguridade social, estar chamando para um debate com o Governo, chamando a Secretaria de Governo aqui, para podermos tratar junto com a Secretaria de Governo e junto com os moradores da comunidade da Av. Padre Cacique, a busca de uma solução para isso, que equacione a questão de moradia dessas pessoas que já estão na Av. Padre Cacique, como também solucione o problema do casarão da CEEE, que todos nós, Vereadores desta Casa, sabemos que é um problema que precisa ser resolvido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Presidente, Sr.ª Marina Souza da Luz e Sr.ª Roseli Cezar dos Santos, penso que na mesma fala dos demais Vereadores, esse é um problema que tem nos atingido e tem nos sensibilizado. Mas eu sei também que as senhoras vieram aqui não só para ouvir isso, sei que as senhoras e a comunidade vieram aqui para tentar uma solução. Porque passa-se o tempo e o problema de vocês não é resolvido. Mas eu penso que mediante as falas, e temos comissões específicas, tenho a certeza que vocês, ao saírem daqui, hoje, juntamente com a Comissão que trata especificamente da questão de habitação em Porto Alegre, poderão fazer esse encaminhamento junto ao Executivo, porque urge. Sabemos que, cada vez mais, esse é um grande problema social, mas, que, ao mesmo tempo, a questão da dignidade também passa por ter habitação. Então, em nome do Partido Socialista Brasileiro, queremos ser solidários e esperamos que hoje, ao final das falas, e com a Comissão específica da habitação e o Executivo vocês possam sair com o problema encaminhado, para que possam voltar numa outra oportunidade e dizer: conseguimos o nosso objetivo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ilustres Sr.ªs Marina e Roseli, nós queremos nos juntar à palavra do Vereador, Professor, Carlos Alberto Garcia - ele chama de específica a Comissão de Habitação. Realmente o problema é específico da habitação, mas eu também tenho uma outra específica, que eu quero juntar à habitação, Ver. Carlos Alberto Garcia, que é a Comissão de Direitos Humanos. A moradia é um direito humano e, principalmente, protestar contra a forma como se trata a moradia na cidade de Porto Alegre. Uma Cidade que, visivelmente, aumenta o seu processo de favelização, aumenta o número de moradores de rua. Especialmente, agora, no inverno, onde a rua é muito mais inóspita, é muito mais agressiva à saúde das pessoas. Nós não só queremos ser intermediários, mas eu falo em nome da Comissão - não sou seu Presidente, é o Ver. Cassiá Carpes - no sentido de não só me solidarizar, nós temos que resolver esse problema e isso pode ser resolvido com boa vontade e, especialmente, com alguma tolerância. Muito obrigado, Presidente. Muito obrigado a vocês.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação a Marina e Roseli, em nome de quem saúdo todos os moradores ali da Av. Pe. Cacique. Queria dizer que sou o Presidente da Comissão de Habitação aqui da Câmara, pela primeira vez estamos tendo contato com o problema. Acompanhamos, na ocasião em que vocês estavam aqui no Parque da Harmonia, a construção daquela solução lá na Av. Pe. Cacique; fizemos reuniões na CUTHAB, estivemos junto com a Prefeitura e, naquele momento, creio que construímos uma boa alternativa. Estivemos lá, muitas vezes, visitando a “companheirada”. Queria dizer também que nós continuamos à disposição, portanto. Diversos Vereadores já colocaram sobre a importância da CUTHAB ajudar na solução, buscando que contemple tanto as necessidades de vocês, que em outro momento estiveram numa situação pior, como a situação dos companheiros da CEEE que, quem sabe, podem, se houver condições, contribuir para um êxito ainda maior do trabalho de vocês.

Mas nós não conhecemos o detalhe do problema, ao final podemos conversar um pouco, e buscaremos o diálogo junto com as outras Comissões que quiserem contribuir, a Comissão de Saúde, a de Direitos Humanos, porque, na verdade, esse problema não é só de habitação, ele envolve uma série de outras questões. Em meu nome e em nome da CUTHAB, quero dizer que estamos à disposição para ajudar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras; Sras. Marina Souza da Luz e Roseli Cezar dos Santos, em nome da Bancada do PDT queremos saudá-las e dizer que, pelo menos na época em que vocês foram deslocadas daqui para a Av. Padre Cacique, pelo que eu entendi - eu acompanhei uma parte dessa negociação - vocês ficariam lá provisoriamente. Mas pelo que estou vendo, e até estranho, sinceramente, pensei até que o problema já havia sido resolvido, mas, pelo que se vê nada disso foi resolvido. Foi combinada uma coisa e nada aconteceu.

Também quero destacar, Sr. Presidente, que sou morador da Zona Sul e todas as manhãs, quando venho para esta Câmara, eu encontro mais ou menos umas quinze pessoas com seus carrinhos, pessoas que fazem um excelente trabalho para a Cidade, o trabalho de vocês é digno! E se vocês não fizessem esse trabalho, recolhendo principalmente as garrafas plásticas, porque para ganhar 2 ou 3 reais têm que recolher uma quantidade enorme de garrafas, vocês prestam um relevante trabalho para a cidade de Porto Alegre, inclusive para o DMLU, se todo esse material fosse levado para os lixões, nós teríamos problemas muito mais sérios no futuro. Então, que seja reconhecido o relevante trabalho que vocês prestam à cidade de Porto Alegre. Um abraço fraterno a vocês. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais oradores inscritos, agradecemos às Sr.ªs Marina e Roseli pela presença. Suspendo a Sessão para as despedidas, formulando votos que as suas presenças nesta Casa possam colher frutos. Saúde e paz!

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h24min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 14h25min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, aproveito este tempo nobre, como Parlamentar que representa uma parte da sociedade de Porto Alegre, para trabalhar num tema em que estamos empenhados, entre outros tantos assuntos de importância para a cidade de Porto Alegre. Estamos preocupados também com essa questão da fome. Tenho sido um parceiro leal nessa luta de combate à fome, e, com tudo o que se refere também a esse tema, este Vereador tem-se preocupado, tem buscado, tem participado de seminários, de debates. Sou integrante, também, da Comissão da Câmara de Vereadores, com outros Vereadores, desse Programa Fome Zero.

Gostaria de fazer algumas observações em relação à questão da fome. Esse combate à fome eu olho por dois ângulos: um é o que o nosso Presidente da República está tratando e travando uma guerra contra a fome, Ver. Dr. Goulart, que é um programa emergencial, e deve-se ter realmente um programa emergencial. Acho que o Presidente da República foi feliz quando iniciou o Programa por uma ótica emergencial, porque ele já assumiu a Presidência da República com muitas distorções da sociedade, de miserabilidade, de fome, e assim por diante. Então, foi feliz quando entrou com um programa emergencial. E acredito que a sociedade em geral vem-se envolvendo, se empolgando no combate à fome, e os Conselhos de Segurança Alimentar vão-se instalando cada vez mais Brasil afora.

Mas a minha preocupação, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, quanto à motivação, eu não tenho dúvida de que está indo de bem a melhor, mas acredito, de fato, que o pão só vai ser melhor distribuído com a semente no chão, que é a única fórmula irrefutável, porque a terra que suja as botas, os pés e as mãos, com a semente e as mudas no chão é que produz o pão. Essa é a única receita que não tem como dar errado, porque a mãe-terra é que produz o pão e os alimentos. Então, este Vereador se preocupou, porque eu tenho de me preocupar é quanto a Porto Alegre, porque com relação ao Estado, eu não sou Governador, nem Deputado, e com relação ao Brasil, eu não sou Presidente da República, Deputado Federal ou Senador, eu tenho de me preocupar com Porto Alegre. Aqui em Porto Alegre, nós estamos entrando com três Projetos que abordam os seguintes temas: “direto do campo”, “grade curricular”, “estufas hidropônicas”, para que possamos ajudar no processo educativo.

Nossas crianças são apaixonadas por computadores. Vivemos numa era em que as crianças nascem, e a sociedade, e o ser humano estão completamente divorciados da terra. Por melhor que possam ser construídos planos e projetos, se a semente não cair na terra, nós vamos comer computadores, nós vamos comer dinheiro, até posso distribuir o dinheiro, mas ele não mata a fome, ele tem de ser transformado em tecnologia e em ferramenta, e aí eu sou mais uma enxada na mão e um punhado de semente na outra mão. Este Vereador tem-se preocupado e, nas suas entrevistas, tem falado sobre o fato de nós fomentarmos as crianças, para que possamos começar a formar uma geração de crianças que vão se tornar adolescentes, adultos e idosos no futuro, mas pessoas que amam a terra, pessoas que trabalham no sentido de fazer com que a terra seja valorizada, porque, por melhor que possam ser todos os planos, os planos todos vão cair por terra se não cair a semente na terra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, hoje, pela manhã, o Presidente da Casa, no Salão Nobre da Presidência, recebeu o Sr. Prefeito Municipal, juntamente com os Secretários do Município, integrantes do Orçamento Participativo e demais Vereadores que ali compareceram. Oportunidade em que o Prefeito, cumprindo normas próprias da natureza do cargo, trouxe a LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Fez, de resto, as suas manifestações de praxe; por igual, manifestou-se o Presidente da Câmara, recebendo o referido Projeto. Eu pedi a palavra para citar nossas preocupações quanto aos dados que vêm sendo expostos à opinião pública, e disse a S. Ex.ª que a aritmética do Legislativo, a matemática do Legislativo é a mesma matemática do Executivo; ainda disse que dois e dois são quatro. Muito bem, manifestei ao Prefeito as nossas preocupações com esse conjunto de dados e divergências existentes sobre as contas do Município.

Nós temos dados; esses dados não batem com os dados do Executivo, e nós precisaríamos avançar para uma solução que, em última análise, pacificasse essa questão. Eu dizia e digo reiteradamente que a ninguém interessa ver uma situação ruim das finanças do Município, mas nós precisamos dos devidos esclarecimentos. Presentes na reunião o Líder do PT e grande parte dos Vereadores do PT, eu disse ao Prefeito: “Olha, nós precisamos, Prefeito, encontrar uma forma, uma maneira de se obter dessa discussão o verdadeiro laudo, para que se possa dizer que bateu 54%, bateu 51,25%, ou não bateu, isso aí precisa ser ampla e devidamente esclarecido.” O Líder Ver. Marcelo Danéris, falando logo em seguida, colocou a possibilidade de nós nos reunirmos com o Secretário da Fazenda, com técnicos da Casa, integrantes do Tribunal de Contas para verificarmos essas contas. Eu acredito que o caminho deve ser esse. Nós precisamos juntar, ver quem é que efetivamente está ou não está errado, e o Prefeito foi sensível na medida em que disse que também poderia haver interpretações sobre esse ou aquele elemento da despesa, da receita, etc.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, eu quero parabenizar V. Ex.ª pelo levante muito oportuno de V. Ex.ª, hoje, de manhã, na reunião com o Prefeito e com todo o Secretariado, porque V. Ex.ª tem uma larga experiência como Presidente, por longos mandatos, da Comissão de Justiça; as coisas são claras: dois mais dois são quatro; é claro. Aí a população tem condições de entender, como nós Vereadores aqui na Casa. Obrigado.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu encerro, Sr. Presidente, agradecendo a generosidade de V. Ex.ª para dizer que nós precisamos trazer uma inspeção, que pode ser a forma de dar uma solução a essa questão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, também na TV Câmara, eu queria saudar todos. Eu protocolei na Casa um Projeto de Lei para que possamos abrir uma discussão com relação ao transporte gratuito em Porto Alegre, concedido uma vez ao mês. Entendo que esse tipo de benefício prestou até um relevante trabalho social.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Bosco Vaz.)

 

Pois bem, Ver. João Bosco Vaz, saúdo o técnico Valdir Espinosa, que está fazendo uma visita muito cordial à Casa.

Retomando o assunto que me trouxe à tribuna, acho que foi válido, mas hoje é uma outra época.

Como de costume, eu trago a esta Casa opiniões de fora, ouvindo várias pessoas que, no início, utilizavam o transporte gratuito, como acontece uma vez por mês, mas que hoje não utilizam mais. Até poderemos, um dia, ao abrir essa discussão, trazer essas pessoas aqui para colocarem as suas opiniões.

Eu entrei com este Projeto de Lei para nós iniciarmos essa discussão. Fui, ontem, na ATP e entreguei uma cópia do Projeto de Lei. Quero abrir essa discussão na Casa com o Executivo Municipal e ouvir a sociedade como um todo. O que eu quero com este Projeto? Estou retirando seis dias de transporte gratuito, e esse recurso deverá ser canalizado para crianças pobres que não freqüentam as escolas, porque não têm dinheiro para a passagem, apesar de ter a passagem escolar. Mas há pessoas que não têm sequer condições de comprar passagem escolar, meu caro Ver. Pedro Américo Leal.

Essa minha idéia foi reforçada em uma visita que fizemos à Sociedade Pobre Servo Divina Providência que, com muito esforço da direção, continua tendo uma escola profissionalizante, e reforçou mais a idéia, na semana passada, quando a direção esteve nesta Casa dizendo que aproximadamente sessenta alunos não freqüentam mais a escola, porque não têm dinheiro para a passagem.

Está aqui o meu Projeto, sei que há outros projetos em andamento nesta Casa, inclusive o do nobre Ver. Luiz Braz, voltados para o social, mas é uma discussão que temos de retomar aqui com todos os segmentos da sociedade.

O nobre colega, Líder do PT, um grande Vereador, fez algumas colocações, ontem, e disse: “que é uma grande conquista dos pobres utilizarem o transporte coletivo no dia em que a passagem é gratuita”. Só quero dizer para o Ver. Marcelo Danéris que o trabalhador também é pobre e esse trabalhador não ocupa o transporte coletivo no dia em que é gratuito, muitos deles, porque acontecem muitas barbáries nos ônibus. São depredações, é falta de respeito, é uma série de coisas que acontecem na nossa Cidade.

Então, vamos retomar essa discussão nesta Casa com todos os segmentos da sociedade para ver o que é melhor.

Eu acho que nós temos de defender o que é melhor para a nossa população, para a nossa Cidade. Entendo que esse benefício será de grande valia para os nossos estudantes pobres, para as pessoas que não têm condições de freqüentar a sala de aula, porque não têm recursos para comprar a passagem ou a passagem escolar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Conforme comunicou na tribuna o Ver. Elói Guimarães, o Prefeito, hoje pela manhã, trouxe a esta Casa o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para o próximo ano. Dia 9, o Projeto entrará em Pauta. São seis Sessões Especiais, em que seis Vereadores, por dez minutos, poderão debater a matéria. Ela deverá ser votada no dia 6 de agosto, porque, impreterivelmente, no dia 12 de agosto, deveremos entregar o Projeto, já aprovado, com as alterações que venham a ser feitas, ao Sr. Prefeito Municipal.

O Ver. Juvenal Ferreira está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JUVENAL FERREIRA: Sr. Presidente, João Antonio Dib, demais componentes da Mesa, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, demais funcionários e membros desta Casa, visitantes e, em especial, meus amigos presentes do PTB, soldado Adriano, meus amigos Medeiros, Noly e outros companheiros. Hoje é um dia significativo para mim, porque é a segunda vez que uso esta tribuna para falar em nome do Partido Trabalhista Brasileiro; orgulha-me muito fazer parte desta sigla. O PTB é um Partido que tem um passado, um presente e uma grande perspectiva de futuro. Um passado do trabalhismo com grandes conquistas que são do PTB, dos trabalhadores, do trabalhismo, como, por exemplo, o salário mínimo, que é uma conquista do PTB; jornada de trabalho, uma conquista do PTB; carteira de trabalho, uma conquista do PTB; 13.º salário, uma conquista do Partido Trabalhista Brasileiro; a criação da Justiça do Trabalho e outras tantas conquistas do passado do PTB.

O Partido Trabalhista Brasileiro, do qual orgulho-me de fazer parte, não é um partido classista, que defende apenas um segmento social. O PTB é um partido, sim, muito preocupado com o trabalhador, mas preocupado também com aquelas empresas que geram emprego, que é a nossa grande preocupação. Nós estamos, sim, preocupados com essas empresas que vêm gerar emprego aqui no nosso Município, porque é por intermédio do trabalho, desde que esse trabalho e essas empresas venham gerar emprego com salários que dignifiquem o homem, é só esse o único caminho que temos para combater o desemprego, gerando novos postos de trabalho. Esta é a preocupação do PTB; vamos oportunizar ao cidadão, ao pai de família, caminhar com suas próprias pernas. Isso nos preocupa muito. Todo mundo fala em desemprego, em trabalho, e essa é uma grande preocupação do Partido Trabalhista Brasileiro.

Quando nós falamos em presente, sempre lembramos um exemplo, o exemplo aqui, nesta Casa, dos nossos Vereadores - já fomos em seis, tivemos dois, mas não perdemos o rumo, o sentido, a direção -, do nosso Ver. Cassiá Carpes, Ver. Elói Guimarães, hoje somando com o Ver. Elias Vidal. Temos, na Assembléia, nossos Deputados, e mencionaria o nome do nosso Senador Sérgio Zambiasi, que, por onde passou e passa, deixa um marco de trabalhado, dignidade, seriedade, competência e solidariedade. Este é o nosso presente, inquestionável, e vejo que a grande perspectiva do futuro é o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro.

Aqui, ontem, tive a oportunidade de ver no peito do meu amigo Ver. Elói Guimarães uma pombinha do Divino Espírito Santo, e, como homem católico, sei que ela significa o nosso santificador. Então, peço que o Divino Espírito Santo ilumine esta seleta Câmara de Vereadores, para que, cada vez mais, possa lutar pelos seus propósitos, pelos seus projetos, por projetos sociais, totalmente voltados para o social, e pela dignidade do homem. Que o Divino Espírito Santo também ilumine a todos e, principalmente, a nossa família. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Isaac Ainhorn, em Comunicações.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, João Dib, Sr.ª Secretária Maria Celeste, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, um debate na Rádio Gaúcha, hoje, pela manhã, no programa Polêmica, do consagrado Jornalista Lauro Quadros, com a presença de dois ilustres Vereadores desta Casa, Luiz Braz e Beto Moesch, além do representante da Prefeitura, Sr. Capellari, e representante dos donos de carroças da Ilha dos Marinheiros, mostrou a gravidade do problema das carroças em Porto Alegre. Primeiro, pela manifestação insólita da população, no meu entendimento, porque foi radical ao responder a pergunta se deveriam ser eliminadas as carroças da Cidade ou se, através de uma legislação ou de um consenso e mediante regras, deveriam ser permitidas as carroças na Cidade. Setenta por cento responderam pela eliminação das carroças. Vejam a revolta da população, que manifestou-se, por maioria esmagadora: 70% contra 30%!

O Ver. Luiz Braz já legislou sobre essa questão com uma Lei que teve a nossa anuência e que foi uma boa Lei, como tantas outras boas leis. Não sei por que, com a insignificância do vício de iniciativa, diante de tão importante matéria, a Prefeitura entrou na Justiça e ganhou, anulando a Lei do Ver. Luiz Braz.

Nós estamos apresentando um outro Projeto, com muitos itens, com muitas propostas, que o Ver. Luiz Braz já havia levantado na sua Lei, e também uma nova visão de proteção aos cavalos, aos animais. Ou seja, a nossa proposta, que está em tramitação nesta Casa e já teve a aprovação da Comissão de Justiça, por unanimidade, tem duas vertentes. A primeira é a trafegabilidade, sobre a qual a Prefeitura está debruçada. Até houve uma manifestação de carroceiros na frente da Prefeitura, porque a Prefeitura está estabelecendo regras para o Centro de Porto Alegre; inclusive o Ver. Luiz Braz já tinha essa idéia que a Prefeitura está copiando, que é a proibição das carroças no Centro de Porto Alegre. Entraram na Justiça, como entraram na Justiça em relação ao meu Projeto de crédito educativo e ao meu Projeto da criação da Secretaria Municipal de Segurança. Adotaram idéias do Ver. Luiz Braz, adotaram idéias deste Vereador em relação à retirada da PM e colocação dos Guardas Municipais, mas não disseram que tinha iniciativa parlamentar.

Voltando às carroças, a Prefeitura está preocupada - e é bom que esteja, porque a população está ensandecida, 70% manifestou-se pela eliminação das carroças; imaginem. Mas respeite-se, porque nós temos que respeitar a opinião pública, seja a favor ou contra nós. Então, a segunda vertente do nosso Projeto, além da trafegabilidade, é a questão da crueldade em relação aos animais, porque eu já vi e assisti - ninguém me contou - um animal fenecer na própria carroça, sob o olhar taciturno do dono da carroça, que não cuidou do animal. Pobre animal!

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª, junto com o Ver. Luiz Braz, são os pioneiros nessa história de carroças, e muito me toca o animal. Fui homem do Exército e sou muito ligado ao animal.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Foi da Cavalaria.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Pois é. Então, eu quero perguntar a V. Ex.ª: em determinado trecho do programa de hoje o representante dos carroceiros atribuiu às vilas a posse das carroças, o uso das carroças, e não às ilhas. V. Ex.ª poderia me explicar isso?

 

O SR. NEREU D’AVILA: V. Ex.ª ouviu o programa?

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Ouvi.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Não, eu acho que ali foi uma confusão de que o carroceiro, que era das ilhas, reclamou que estavam preocupados só com os carroceiros das ilhas e não com os carroceiros de Porto Alegre. Eu entendi dessa maneira. Foi isso, não é, Ver. Luiz Braz? Ele reclamou.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Eu tenho a impressão de que as carroças de que ele reclama são oriundas das vilas, e não das ilhas.

 

O SR. NEREU D’AVILA: O carroceiro reclamou que eles só estão preocupados com eles lá nas ilhas e não tanto com as daqui.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: É verdade, foi isso que entendi.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Pois então, chame-se atenção: o aparte de V. Ex.ª foi muito brilhante nesse sentido.

Pois bem, eu acolho a admoestação de V. Ex.ª e concluo, mas creio que a matéria é tão importante que deveríamos, pela importância que a população está atribuindo, estar antenados com o que a população pensa, porque nós somos representantes da população. A população está indignada. Então, peço aos Srs. Vereadores que, por obséquio, contribuam com nosso Projeto para que saia uma lei boa, e, em consonância com a Prefeitura, nós legislemos sobre tão importante matéria que hoje foi focalizada pela Rádio Gaúcha, pela manhã. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. João Bosco Vaz.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o Sr. Prefeito Municipal esteve nesta Câmara Municipal, no dia de hoje, mas não compareceu para debater e discutir com os Vereadores a chamada crise do Orçamento do Município. Veio aqui apenas cumprir o mandamento legal, constitucional, orgânico de trazer à Casa a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano de 2004.

Como diz o Ver. Sebastião Melo, as peças orçamentárias do Município de Porto Alegre que se constituem, verdadeiramente, em peças ficcionais. Até aí não tenho nenhuma divergência. Eu agregaria que as manifestações orçamentárias do Secretário da Fazenda e do Sr. Prefeito Municipal, Presidente João Antonio Dib, não estão sendo mais tão-somente ficcionais, mas a confusão é tão grande, que eu diria que as manifestações têm um cunho surrealista, posto que ininteligíveis para o conjunto da população e até para os iniciados em matéria econômica e contábil.

Eu aqui já venho preconizando, em primeiro lugar, os esclarecimentos aos questionamentos e às perguntas formuladas pelos Vereadores que até hoje não foram respondidas. Porque não dá para compreender que durante quatorze anos as finanças municipais estavam uma maravilha, num crescente permanente e, repentinamente, o Sr. Prefeito anuncie uma situação de crise orçamentária.

Primeiro falou-se em déficit no Orçamento. Agora, uma projeção de déficit. Como se diria lá no baixo Bom Fim, Ver. Wilton Araújo, o Prefeito... Existe o baixo e o alto Bom Fim, assim como o baixo e alto Leblon.

 

(Aparte inaudível do Ver. Juarez Pinheiro.)

 

V. Ex.ª não conhece o Bom Fim, Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª é de outra região, aquele é um bairro universal. Como se diria lá no baixo Bom Fim, o Prefeito está aplicando um “rock terror”. Eu não sei se ele está aplicando um “rock terror” ou se ele quer se transformar no Jim Jones do PT - depois de mim, o dilúvio -, porque, da forma como a coisa está colocada, Ver. Carlos Pestana, eu não sei se o Prefeito não está vendo perspectiva política para o seu projeto - que já está meio anunciado - de candidatar-se à reeleição e não ter apoios suficientes para que isso se torne uma realidade ou o que é que está acontecendo, mas, repentinamente, passamos a viver uma situação de déficit orçamentário. Primeiro, anunciaram um déficit existente; depois, uma projeção de déficit.

A Câmara, que é a representação política da cidade de Porto Alegre, tinha de ter convocado o Secretário da Fazenda. Ele veio, então ajeitaram, douraram a pílula com a habilidade que é peculiar ao Líder da Bancada petista nesta Casa, o Ver. Marcelo Danéris, inclusive articulou-se um convite, mas veio aqui e não disse nada, não esclareceu nada.

O Ver. Sebastião Melo diz que o Secretário da Fazenda – Dr. Ricardo Collar - veio aqui e fez um “blábláblá”. Eu diria que ele fez um “nhenhenhém”. Realmente, Ver. Darci Campani, eu acho que está mais para Fernando Henrique, porque do jeito que vai o Governo Federal de V. Ex.ª, adotando as teorias e as concepções do Governo Fernando Henrique Cardoso, está mais, realmente, para “nhenhenhém” do que para “blábláblá”. Só pode ser. Onde é que nós vamos parar?

Eu tenho saudades do Prefeito Olívio Dutra, que vinha à Câmara debater com os Vereadores. O Alceu Collares, nem se fala. Vinha aqui, brigava, com aquele seu estilo peculiar, mas debatia com a representação política da Cidade, que são os Vereadores, que têm o mandato, que têm a legitimidade, o reconhecimento da população.

Sr. Presidente, encerro dizendo que uma comissão paritária, um debate, inclusive com a presença de auditores do Tribunal de Contas e, sobretudo - mais uma vez faço um apelo e já se colocaram como disponíveis -, o Sindicato dos Contabilistas e a Sociedade de Economia, que devem ser partícipes desse processo de debate e de abertura dessa verdadeira “caixa-preta” em que passaram a se constituir as finanças municipais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Sr. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, ontem o Presidente João Antonio Dib esteve na tribuna e falou sobre os Ofícios que recebe de informação sobre liberação de verbas.

Pois, hoje, no nosso expediente, aqui na Câmara, só em algumas comunicações, estamos recebendo liberação do Governo Federal de 27 milhões e 626 mil reais para a Saúde; e para a merenda escolar, 300 mil reais. Vejam a falta de recursos em Porto Alegre: só hoje, 27 milhões e 600 mil para a Saúde. Mas, muito bem!

Eu me preocupo muito com o desenvolvimento de Porto Alegre. Sobre o desenvolvimento econômico, nós já sabemos, Porto Alegre está atrasada, está paralisada. Por quê? Porque não há clima de investimento em Porto Alegre. Os investidores não são bem recebidos, nós não temos parque industrial, nós temos impostos elevados, não temos boa vontade. Imaginem o projeto de construção de alguma coisa em Porto Alegre demorar um, dois, até três anos para ser aprovado. Um habite-se então, nem se fala. Isso é clima para investimento? Não, não há clima para o investimento, não há vontade política para investimento.

Mas eu quero falar hoje sobre o sistema de desenvolvimento de transportes em Porto Alegre, especialmente do metrô e, especificamente, da Linha 2 do metrô em Porto Alegre.

Segundo informações do ex-Ministro dos Transportes, ele, no dia 11 de setembro – fatídico 11 de setembro – de 1997, entrou na Prefeitura, falou com o Prefeito Raul Pont e deixou lá um Plano de Viabilidade da Instalação da Linha 2 do metrô, que vai da Azenha ao Centro e até a Av. Assis Brasil, na FIERGS.

Cinco anos e meio depois, até hoje, o Ministério dos Transportes não recebeu a resposta se há ou não interesse na Linha 2 do metrô! Cinco anos depois.

Enquanto isso, Curitiba, Fortaleza, Salvador, Recife, Belo Horizonte ou estão com as obras do metrô prontas ou já estão bem avançadas nessas obras. E nós ficamos “chupando o dedo”, nem navios ficamos a ver, porque nem navio no porto mais nós temos! Não dá nem para se falar: “ficamos a ver navios”, porque não tem navio, não tem desenvolvimento!

Pois é, vejam, senhoras e senhores, as vantagens do metrô: redução diária de oito mil viagens de ônibus até o Centro; uma redução anual de três mil toneladas na emissão de poluentes; uma redução anual de treze mil acidentes de trânsito - Treze mil acidentes de trânsito! -; uma redução anual de, no mínimo, trinta mortes por acidente; uma redução de 50% no tempo de deslocamento das Avenidas Benjamin Constant, Cristóvão Colombo, Voluntários da Pátria, Borges de Medeiros, até o Centro, até Cachoeirinha. Vamos diminuir em 50% o tempo e vamos ter uma redução de 50% nos atuais congestionamentos. Tem ou não tem vantagem o metrô? Que estranhas forças políticas fazem com que não se implante o metrô em Porto Alegre? Parece-me que, agora, a nova direção do Trensurb finalmente acordou para, quem sabe, levar adiante e implantar a Linha 2, mas onde está o planejamento para o futuro? E a linha do metrô para a Zona Sul, para a Restinga, que temos que planejar hoje para estarmos adiantados? Pois estamos dez anos atrasados em planejamento de transporte viário em Porto Alegre. Por falar nisso, onde está o Plano Viário para Porto Alegre que a Prefeitura ficou de mandar há um ano e meio? Onde está o Plano Viário que a Prefeitura tem a obrigação de mandar? É uma pena que não haja vontade política para as coisas boas em Porto Alegre. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Antonio Dib, Presidente da Casa, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores; caro Ver. Ervino Besson, a decisão do Tribunal de Justiça, do dia 26 deste mês, que, por vinte e quatro votos a zero, de forma unânime, no Pleno do Tribunal de Justiça, penalizou os trabalhadores e reconheceu, na visão dos Desembargadores, que a Câmara de Vereadores não tem competência constitucional para legislar sobre dias de funcionamento do comércio, tem responsáveis diretos. Em primeiro lugar, os grandes comerciantes, principalmente os supermercados, que, na ânsia de cada vez maiores lucros, não se importam em penalizar os trabalhadores com jornadas de trabalho de até doze horas. Tem responsabilidade nessa decisão, também, o próprio Pleno do Tribunal de Justiça, que, julgando de acordo com as leis de mercado e não com base no Direito, retirou desta Câmara de Vereadores sua competência constitucional constante do artigo 30, inciso I da Constituição Federal. E responsável direto, sim, é o SINDEC – Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre -, que, na ânsia de negociar, de forma continuada, o sacrifício, o trabalho, o sangue e o suor dos trabalhadores comerciários, com os grandes empreendimentos, os supermercados, tensionaram de tal forma a relação que fizeram com que ela fosse parar no Poder Judiciário e, com isso, fossem penalizados os trabalhadores. A grande questão hoje é esta: qual é a realidade? A realidade, hoje, é que só existe uma forma para que se reverta a decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: é um recurso extraordinário junto ao Supremo Tribunal Federal, que demora, no mínimo, quatro anos para ser apreciado.

As conseqüências desse estado de coisas são três principais: em primeiro lugar, a quebradeira do pequeno e do microempreendedor; em segundo lugar, a submissão dos trabalhadores, em supermercados, a doze horas de trabalho - e eu, ontem, trouxe um cartaz de quase um metro mostrando que os supermercados estão abrindo das 9 às 21h, no mínimo; em terceiro lugar, os prejudicados são aqueles trabalhadores de lojas que, hoje, trabalham das 14 às 20h, mas que, a qualquer momento, com a desregulamentação que foi dada pela decisão do Pleno Tribunal de Justiça, podem ser obrigados a trabalhar todos os domingos.

Nós somos contra o trabalho aos domingos, nós defendemos a PEC da Deputada Jussara Cony. Mas, Ver. Ervino Besson, assim como V. Ex.ª, nós nos negamos a cruzar os braços enquanto os trabalhadores de supermercados fazem jornadas, aos domingos, de doze horas; enquanto mais de quatro mil pequenos e microempreendedores, hoje, ficam à mercê da situação de desigualdade na disputa com o grande comércio e se encaminham para a falência.

Nós temos mais um dado, o dado da decisão do STJ, que, infelizmente - e depois, inclusive, que entramos com o nosso Projeto, que visa a atacar essa questão -, entendeu que supermercado é igual a mercado, a minimercado, e que por isso tem o direito de abrir aos domingos, independentemente de Lei Municipal. Com isso, condena os trabalhadores de supermercados a doze horas de trabalho, se nós Vereadores não tivermos independência suficiente para enfrentar uma corporação que não defende o interesse da categoria, que defende o interesse da sua força política, que defende interesses particulares e não os interesses dos seus associados. Do que eu estou dizendo aqui, eu convoco qualquer Vereador que tenha posição contrária para debater em qualquer fórum, convoco o SINDEC para qualquer debate que me prove o contrário, se é possível reverter essa situação.

Nós vamos, judicialmente, buscar a reparação do dano moral que o Sindicato nos fez ao colocar carros de som pela Cidade, ao colocar panfletos mentirosos, que já respondemos e estamos entregando em todo o comércio de Porto Alegre, onde nós dizemos aos comerciários: “Não sejam enganados por uma direção que defende interesses privados, que defende interesses particulares e que não defende os interesses de sua categoria”. Estamos tranqüilos, a reparação do dano será via judicial, mas a nossa política vai ser permanente, dia-a-dia, conversando com os trabalhadores, provando e chamando a atenção desta Câmara de Vereadores de que não podemos ficar de braços cruzados, enquanto mais de quatro mil pequenos empreendimentos estão indo à falência e enquanto trabalhadores estão sendo obrigados a trabalhar doze horas no domingo, ficando longe de suas famílias, dos seus amigos e sem direito a lazer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. 1691/03 - SUBSTITUTIVO N.º 01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que revoga a Lei n.º 7.675, de 13 de outubro de 1995, que trata da afixação pública dos preços das embalagens distribuídas gratuitamente pelos estabelecimentos comerciais, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 057/03, de autoria do Ver. Darci Campani.

 

PROC. 2341/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 106/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre o Programa de Prevenção e Controle do Diabetes nas crianças e adolescentes matriculados nas creches e demais estabelecimentos da rede municipal de ensino.

 

PROC. 2400/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 047/03, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Poeta, ex-Desembargador e Senador José Paulo Bisol.

 

PROC. 2414/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 048/03, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que concede o prêmio literário “Érico Veríssimo” ao Dramaturgo Ivo Bender.

 

PROC. 2415/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 109/03, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que inclui, no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre, a data alusiva ao 1.º Fórum Social Mundial “Outro Mundo é Possível”.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. 0416/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 006/03, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre a indenização às vítimas de acidentes decorrentes da má conservação das vias públicas e danos em seus veículos ou bens em seu interior, quando estacionados em áreas públicas pagas, no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

PROC. 1538/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 043/03, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre o prazo para julgamento do recurso administrativo de infração de trânsito e concede efeito suspensivo.

 

PROC. 1970/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 088/03, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que estabelece reserva de vagas para estágio a estudantes portadores de deficiência em órgãos públicos municipais.

 

PROC. 2021/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 095/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que altera § 1.º do art. 2.º da Lei n.º 4.629, de 23 de novembro de 1979, e alterações posteriores, que dispõe sobre a concessão de reajustes tarifários para os serviços de táxis e táxis-lotação.

 

PROC. 2329/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 017/03, que  revoga a declaração de utilidade pública da Associação Comunitária Cidade Intercap – AACI, estatuída pela Lei n.º 5.417, de 28 de maio de 1984.

 

PROC. 2330/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 018/03, que revoga a declaração de utilidade pública do Coral de Câmara Pró Arte, estatuída pela Lei n.º 3.150, de 05 de julho de 1968.

 

PROC. 2331/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 019/03, que revoga a declaração de utilidade pública do Centro de Umbanda Tupinambá, estatuída pela Lei n.º 3.605, de 23 de dezembro de 1971.

 

PROC. 2332/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 005/03, que altera os Anexos 1.1, 1.2, 7.1 e 7.2 da Lei Complementar 434, de 1.º de dezembro de 1999, ajusta os limites das UEUs 134 e 136 da MZ 3 e de suas Subunidades e dá outras providências.

 

PROC. 1929/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 083/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Professor Laudelino Medeiros um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 2213/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 046/03, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que concede o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues” à Banda Produto Nacional.

 

PROC. 2225/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 104/03, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que proíbe a comercialização de produtos acondicionados em garrafas de vidro ou assemelhados, em qualquer local a menos de 150 metros da orla do Guaíba, no Município de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está na segunda Sessão de Pauta um Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao poeta e Desembargador, Senador José Paulo Bisol, talvez uma das maiores figuras desta Cidade, não só pelo seu exercício nas comunicações - em rádio e televisão -, onde deleitou a população de Porto Alegre com seu invulgar talento e sua verve poética insuperável, pela sua sensibilidade, principalmente pela forma magnífica com que consegue passar às pessoas uma outra visão de mundo. Se houvesse uma escolha para a Secretaria de Segurança, certamente uma das pessoas que se classificaria pela sua grandeza humana seria o Desembargador José Paulo Bisol. Porém o Desembargador, no exercício da Segurança - agora um homem da Lei -, na Secretaria de Segurança do Governo Olívio Dutra, não foi feliz, não porque lhe faltassem atributos, não porque ele não conseguisse entender o que estava ocorrendo. Uma das maiores autoridades em segurança, o Sociólogo Tavares dos Santos, diz que há uma complexidade imensa, e um imenso despreparo de toda a sociedade para vencer a criminalidade, Ver. Juarez Pinheiro, a quem eu aproveito para cumprimentar pela iniciativa. Há uma necessidade de formação, e faltou estrutura para o Secretário Bisol.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, eu peço que depois acresça alguns segundos para o Ver. Cláudio Sebenelo, para não prejudicar a sua intervenção. Ver. Cláudio Sebenelo. Agradeço a sensibilidade de V. Ex.ª em acusar aqui, na Pauta de hoje, a homenagem que fazemos ao ex-Deputado, Senador, Desembargador, Juiz de Direito José Paulo Bisol, com quem tive a honra de trabalhar durante quatro anos - talvez tenha sido a maior escola da minha vida. Quero, em primeiro lugar, agradecer a V. Ex.ª, que também foi seu amigo e conviveu com ele em determinados episódios da sua trajetória, por sua sensibilidade. Quero também dizer que a nossa proposta de homenagear não é para discutir a questão da Segurança, mesmo que ela possa ser discutida, como V. Ex.ª está fazendo, mas a idéia é de homenagear um cidadão que tem trazido à sociedade brasileira imensas contribuições, no sentido de entender as mazelas que, às vezes, impedem que a gente verifique a realidade. Eu lhe agradeço por sua sensibilidade, mesmo que V. Ex.ª tenha, sobre a Segurança, posição diferente. Mas não é esse o meu objeto; o meu objeto é homenagear, realmente, o cidadão.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: O seu aparte enriquece muito o meu pronunciamento, especialmente, Vereador, quando nós temos as evidências da complexidade, hoje, do tema Segurança, do nosso despreparo como sociedade. Estamos totalmente despreparados! Nós não nos preparamos para essa avalanche de violência, pelas multifacetadas causas que nos levam a uma sociedade extremamente infeliz, quando convive com esse processo. E a violência é um processo inclusive de poder, é um processo de força, é um processo de força inclusive corporal. Entende-se por poder “a” modificando “b”, independente da vontade de “b”, e aí, então, nós usamos a violência. A violência, seja institucional, individual, nas escolas... As instituições que foram sustentáculos da paz, hoje, por estarem em crise, estão também permitindo a violência, como a família, a escola, como o Exército e tantas outras formas de associações; hoje a violência está até num posto de gasolina. A violência, hoje, se acusa numa fila de boate. É exatamente essa a dificuldade, essa a complexidade, totalmente difundida no tecido social, e essa maldição do início do século, que é o “4.º cavaleiro do Apocalipse”, que são as drogas, com ela não há estrutura nenhuma. E o político que disser que sabe alguma coisa sobre Segurança, sobre a solução dos problemas gerados pela violência vai estar mentindo, porque é de extrema complexidade e há um despreparo brutal da máquina pública e de todo o conjunto da sociedade para enfrentar esse problema. Isso não é dito por mim, isso é dito por Tavares dos Santos, sociólogo, pesquisador e uma das maiores figuras do pensamento filosófico e cientista político do Rio Grande do Sul. Ele trabalha na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eu vou tentar distribuir aos Vereadores um artigo desse fantástico escritor que já produziu três ou quatro obras memoráveis sobre o assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, são muitos os Projetos em discussão nesta Casa. Eu queria, preliminarmente, me referir a um Projeto, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre um Programa de Prevenção e Controle de Diabetes nas Crianças e Adolescentes matriculadas em creches e demais estabelecimentos da rede municipal. Eu fiz questão de iniciar a discussão por esse Projeto, porque ele trata de um tema, que não é apenas um tema de saúde, mas também é um tema referente à questão da segurança alimentar, que é, hoje, no Brasil, a questão mais debatida em todas as instâncias da sociedade, quer seja nas entidades não-governamentais, quer seja no Poder Público, nos Parlamentos. Inclusive, no dia de hoje, nós ainda estamos acompanhando, pela imprensa, o desdobramento de uma série de ações que foram feitas em Porto Alegre na área da segurança alimentar, tendo em vista que ontem foi lançado o Conselho Estadual de Segurança Alimentar, e o Ministério Público Federal fez uma audiência com a participação do Dom Mauro Morelli, do Dr. Valente e de uma série de outros especialistas, para tratar exatamente da questão nutricional das crianças na faixa etária de zero a seis anos. Esse tema da segurança alimentar envolve a questão da fome, mas envolve uma série de fatores muito mais amplos do que isso; se refere, inclusive, à qualidade dos alimentos que são consumidos pela população desde a questão dos agrotóxicos, a questão da contaminação e a questão de excesso de alguns componentes que não permitem uma ração balanceada na nossa sociedade. O Projeto do Vereador, que se refere à faixa etária de até seis anos de idade, das crianças atendidas na creche, nos levou a uma outra preocupação. Em uma audiência pública que nós realizamos através da Comissão de Educação, há dois dias, neste mesmo Plenário - estava presente inclusive o Ver. Elias Vidal -, nós recebemos aqui dezenas e dezenas de entidades mantenedoras de creches da nossa Capital, e o que ficou comprovado é que existe uma enorme dificuldade de as creches darem às crianças qualquer tipo de alimento. Os próprios dados do IBGE nos mostram que, infelizmente, em Porto Alegre, para cada dez crianças com menos de seis anos de idade, sete crianças estão sem atendimento. Isso significa que, mesmo havendo aumento de renda per capita, mesmo se todas as creches assistenciais ou comunitárias hoje tiverem condições de fornecer a essas crianças uma alimentação saudável - o que já seria uma utopia, com a realidade de abandono da maioria das creches, com a grande dificuldade, inclusive, de as creches manterem abertas as suas portas para atender às crianças -, mesmo se houver uma melhora nas condições de atendimento ou de nutrição nessas creches, esse Projeto vai apenas atender a 29% das crianças nessa faixa etária, porque, para cada dez crianças, sete estão em situação de exclusão do atendimento na área da educação infantil em nosso Município.

Eu acho que esse Projeto, por outro lado, tem uma ação superpositiva, que é a ação de discutir um programa de prevenção ao controle do diabete e propiciar um debate mais amplo na área da nutrição e da segurança alimentar.

Acho que os demais Projetos a que eu queria me referir são Projetos que dizem respeito à questão da diversidade, apresentados através de um Projeto do Executivo e também de um Projeto da Ver.ª Margarete Moraes, que eu acho muito interessante, porque trabalha a questão da reserva de vagas para estagiários e estudantes portadores de deficiência. Por falta de tempo, aprofundarei essa questão noutra oportunidade.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, “Bisol, cidadão emérito de Porto Alegre é só parte do reconhecimento que merece. Ele fez pela Cidade, o Estado, o País. Como Juiz, Desembargador, Deputado, Comunicador em rádio, tevê e jornal e, até há pouco, Secretário de Justiça e Segurança.

Não surpreende que os interesses criados, políticos e econômicos, tenham-se voltado contra tamanho risco. Candidato à Vice-Presidência na chapa de Lula, distorceram atos normais seus a ponto de inferirem até desonestidades nesse homem probo. Com a repetição, a mídia conservadora se autoconvenceu de ter achado mais um ponto contra o PT e veio de tacape. E era tudo enganoso, e ficou provado. Bisol processou os principais veículos pelas falsidades assacadas e ganhou todas, inclusive uma considerável indenização por prejuízos morais de um órgão que, então, já com motivo mais particular, continuou a combatê-lo. O pior é que a calúnia sempre deixa um rastro, mesmo quando negada e o fato esquecido. Quando ele intenta reformas de alcance na Secretaria de Segurança, apesar de necessárias e bem explicadas, pecha com a inércia do corporativismo, autorizada e acrescida pela imprensa anti-PT a formar opinião pública, através da classe média que a acompanha. Sua firmeza pelo justo passa a ser dada como discricionária, e é malvisto por muitos o exemplo tantas vezes confirmado de democracia real.”

Esse trecho que li é do ensaísta, intelectual e crítico literário Paulo Hecker Filho que foi acrescentado na justificativa do Projeto em homenagem a Bisol pelo autor da homenagem, Ver. Juarez Pinheiro. Por que eu li isso? Porque ontem, quando nós discutimos aqui, o Ver. João Carlos Nedel disse que o Projeto da homenagem que esta Casa vai prestar ao Bisol não é também como administrador, como homem que foi Secretário de Justiça. E ele baseou a sua tese apenas lendo o art. 1.º do Projeto de Resolução, que eu penso até que é uma questão formal, mas, se for o caso, pode, até com emenda, incluir o fato de que Bisol foi Secretário de Justiça e Segurança. Por que eu digo isso? Porque esse raciocínio tem três problemas: em primeiro lugar é inédito. Pela primeira vez, esta Casa resolveu fazer uma homenagem pela metade: a um ser, um ser que é político, que é poeta, um ser que tem múltiplas atividades, múltiplos serviços prestados a esta Casa, como se fosse, não um ser integral, mas como se fôssemos homenagear apenas uma parte, como disse, ontem, o Ver. João Carlos Nedel. Isso é inédito! Em segundo lugar, isso é uma violência contra o homem público, que é íntegro, é integral, como se pudéssemos dividir as pessoas, os homens públicos e homenagearmos só uma parte da sua vida, e a outra nós esquecermos. Eu acho que isso, inclusive, tem um conteúdo de discriminação, porque, por trás disso, está a discriminação contra a ideologia de alguém que foi Governo e que desenvolveu um determinado projeto político numa Secretaria, do qual as pessoas, os Vereadores podem discordar ou com o qual podem concordar. Mas nunca esta Casa colocou esse tipo de condição ou fez essa discriminação, dizendo que nós só homenagearemos uma parte da pessoa, uma parte do ser político e não sua integralidade. Isso não existe! Portanto, foi muito infeliz a colocação, ontem, do Ver. Nedel, criando uma nova figura: uma homenagem pela metade. Nós vamos homenagear uma parte da pessoa, do ser, da pessoa pública, como se pudéssemos dividir a personalidade, a identidade das pessoas, separar o que queremos homenagear e rechaçar, vetar o que não queremos homenagear. Ora, senhores, se esta Casa cometer, pela primeira vez, isso, será um absurdo. Eu tenho certeza de que nem o ex-Senador José Paulo Bisol, e ex-Secretário, nem ele aceitará esse tipo de homenagem. Ou nós homenageamos integralmente as pessoas, os seres, os homens públicos - claro, não vamos abrir mão das nossas críticas, das nossas divergências - ou não homenageamos, porque eu não conheço essa figura de homenagear pela metade, como, ontem, propôs, aqui, o Ver. João Carlos Nedel. Eu acho que o José Paulo Bisol não merece isso, por mais que discordemos da sua atuação na Secretaria de Justiça e Segurança.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Temos a satisfação de comunicar a presença, neste Plenário, dos Vereadores José Lindomar Andrade de Fraga, da cidade de Cidreira, e Danilo Cestari Filho, Presidente da Câmara Municipal de Cidreira. São bem-vindos, sintam-se em casa.

Foi perguntado qual o Partido dos Vereadores. Do PTB é o Ver. José Lindomar Andrade Fraga, e, do PDT, o Ver. Danilo Cestari Filho.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, como V. Ex.ª já está sabendo, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente está indo até o Hospital Presidente Vargas para constatar uma irregularidade que nós vamos averiguar se é verídica ou não, de que muitos pacientes estariam tendo alta antes do tempo por falta de repasse de verba do Poder Público. Estamos indo lá, então, para constatar e, na volta, comunicaremos a este Plenário e à Mesa. Obrigado.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Para um comunicado, e também como membro da Comissão de Saúde. Nós fizemos um contato com a Diretora do Hospital Presidente Vargas para saber das questões que tinham sido colocadas para nós aqui em Plenário. Falamos com a Diretora do Hospital, e ela nos colocou a problemática. Nós fizemos o convite para que ela viesse à Comissão trazer o conjunto da questão. Fizemos o convite, porque as questões que foram trazidas para nós em relação ao que vem acontecendo no Hospital, não é nada de urgência, e sim uma situação estrutural do Hospital, que a Diretora nos colocou, dizendo que terá o prazer de vir aqui apresentar o conjunto da questão. Nós apresentamos isto aos nossos pares: “Olha, fizemos o contato, já que o assunto estava no Plenário, foi-nos esclarecido isso, e pedimos que a Diretora viesse à Comissão trazer as informações. Não há suspensão de nenhum tipo de atendimento lá; pelo contrário, o Hospital está funcionando normalmente; o que há é operacionalmente um problema de manutenção de alguns equipamentos ligados ao bloco cirúrgico, questões que a própria Diretora do Hospital pode vir aqui e esclarecer.” Nós falamos isso aos nossos pares; portanto, não vemos a necessidade de um deslocamento, do Plenário para lá, do conjunto dos Vereadores, para ver algo que já está esclarecido.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Renato Guimarães, recolho a informação de V. Ex.ª e defiro a ida da Comissão de Saúde ao Hospital. Na forma da Lei Orgânica, o Vereador tem acesso a todas as dependências da municipalidade, e é importante até para a própria Administração que se esclareça perfeitamente se há ou não há problema. A Comissão vai se encaminhar para lá.

 

O SR. BETO MOESCH: Agradeço o esclarecimento, Sr. Presidente. Só quero dizer que esse tema diz respeito à Comissão de Saúde e Meio Ambiente, que deliberou ir ao Hospital Presidente Vargas. Depois comunicaremos a esta Casa. De qualquer maneira agradecemos o empenho do Ver. Renato Guimarães. Todos os Srs. Vereadores membros desta Comissão estão convidados a participar. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu só faço votos de que a Comissão retorne prontamente com as informações necessárias, para ficarmos tranqüilos.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exm.º Ver. João Dib, Presidente da Casa, demais Vereadores, Vereadoras, todos os que nos assistem aqui, também em suas casas, em nome da Liderança do PC do B, queríamos, em primeiro lugar, dizer da nossa satisfação pela aprovação, no dia de ontem, no Senado Federal, na Comissão de Constituição e Justiça, do Projeto do Estatuto do Idoso. O Projeto é de iniciativa do Senador Paulo Renato Paim - que acabamos de homenagear, nesta Casa, com o Prêmio Quilombo dos Palmares -, que também se somou a uma proposta do Senador Sérgio Cabral. O Projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, deve ir agora à Comissão de Assuntos Sociais e depois para a Câmara, onde tramita, também, outro Projeto nesse sentido. Esse Projeto cria penas para os crimes contra os idosos, cria delegacias especiais contra os maus-tratos. Isso coincide com o que, inclusive, no dia de hoje, vimos na grande imprensa, na televisão: uma clínica, no Rio de Janeiro, onde inúmeros idosos são submetidos a situações degradantes, a maus tratos. Com esse Estatuto, uma vez aprovado, nós teremos o respeito, enfim, a esses que nos deram como herança o nosso País.

A segunda questão que nós queríamos tratar - no dia de ontem não tivemos tempo quando da Tribuna Popular – é a lamentável decisão, Ver. José Valdir, sobre a abertura do comércio aos domingos. O mais lamentável é o ataque que esta Casa e estes Vereadores sofreram no Tribunal quando um Desembargador alegou, para permitir a exploração do comerciário todos os domingos, todos os feriados, enfim, um lei de 1884. Deve ser dito aqui que a primeira lei de fechamento das portas aos domingos é de antes da Abolição da Escravidão. A cidade de Porto Alegre aprovou essa Lei. O Desembargador diz: “Os legisladores municipais cederam às pressões dos trabalhadores.” Nós poderíamos dizer - não o diremos, certamente - que o Judiciário cedeu às pressões dos empresários. Não ficaria um bom diálogo.

Nós queremos dizer que esta Câmara sempre votou em defesa dos trabalhadores, em defesa dos pequenos e médios comerciantes, que estão sendo esmagados pelos monopólios, pelos shopping, pelo poder econômico, e se tem alguém se dobrando ao poder econômico, não é esta Câmara, não!

E mais, nós temos defendido os consumidores, porque, no dia em que fechar o comércio de bairro, fechar o comércio de vilas e ficar concentrado nos shopping, Ver. Elias Vidal, quando queimar o chuveiro na nossa casa, a resistência, e atravessarmos a rua para comprar na ferragem da esquina, ou para comprar a cerveja que faltou porque chegou o amigo, no armazém da esquina, nós teremos que nos dirigir aos shopping center, tomar um carro, se é que o temos, para ir lá para comprar a coisa mais simples. Ou seja, o fato de hoje o comércio estar disseminado deve-se ao fato de existir a pequena e a média empresa ainda.

Só que isso vai ser liquidado com a abertura do comércio aos domingos, e o que é pior, sem ter aberto um único emprego, Ver. Juarez Pinheiro, sem ter aumentado um pouquinho que seja as vendas. E é o próprio Presidente, José Alceu Marconato, que reconhece. Mas ele diz: “Quem sabe no futuro vai abrir emprego.”

O que está acontecendo é o seguinte: diminuem as vendas, diminuem os empregos, aumenta a quebradeira das empresas, e ainda somos nós que propiciamos o ócio.

Esta Casa tem que ser defendida pelo Judiciário, o qual deveria julgar as leis e não atropelar o Município.

Mas quero dizer que nós continuamos a luta e faremos uma grande mobilização, primeiro para aprovar a PEC n.º 125, da nossa Deputada Jussara Cony, para que fique na nossa Constituição Estadual que cabe ao Município legislar sobre o dia e o horário de funcionamento do comércio, algo que, no meu entender, já está na Constituição, no art. 30, inciso I: assunto de interesse local é a Câmara que decide.

Eu pergunto: abrir o comércio aos domingos é ou não é um assunto de interesse local?

Uma situação é Tramandaí, que é justo que abra no domingo; uma situação é Gramado, que é justo que abra no domingo; mas não tem cabimento em Porto Alegre, não tem cabimento em Pejuçara, não tem cabimento em Santa Maria. Então, queremos defender, aqui, a Câmara, que nunca se dobrou a interesse nenhum a não ser ao interesse da Cidade; e queremos dizer que, além da luta, na Constituição Estadual, estamos fazendo tratativas em nível nacional com o Presidente da República para que seja feita uma Medida Provisória, enterrando de vez essa superexploração e esse retrocesso histórico, social e econômico que o Judiciário nos está impondo na cidade de Porto Alegre. É esse o compromisso do PC do B e, tenho certeza, da imensa maioria desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Ver.ª Maria Celeste, demais Vereadores e Vereadoras, eu quero, neste momento, parabenizar o Ver. Sebastião Melo por seu Projeto de Lei, que está na Pauta para discussão em 3.ª Sessão: Projeto de Lei do Legislativo n.º 006/03, “que dispõe sobre a indenização às vítimas de acidentes decorrentes da má conservação das vias públicas e danos em seus veículos ou bens em seu interior, quando estacionados em áreas públicas pagas, no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.” Eu acredito que esse Projeto de Lei, do Ver. Sebastião Melo, é um Projeto que vem, pelo menos, resgatar um pouco da justiça com relação a uma distorção que este Vereador entende em relação aos parquímetros, à Área Azul Eletrônica. Ao meu ver, essa Área, que resultou de um Projeto de Lei do Executivo, vem trazendo um verdadeiro terror e pânico à sociedade, ao cidadão de Porto Alegre. Eu acredito que aqueles que precisam do seu automóvel, que se deslocam até o Centro da Cidade ou às áreas onde há Área Azul Eletrônica, onde o indivíduo tem que estacionar o seu carro, vivem uma situação extremamente desagradável, porque ninguém é mágico, ninguém tem a divindade de saber exatamente quanto tempo vai ficar no lugar. Às vezes, é possível fazer uma média: “Vou ficar meia hora, uma hora, uma hora e meia”, mas, se esse cidadão vai a um consultório médico, a um consultório dentário, ao escritório de um advogado, fica difícil saber exatamente quanto tempo ficar. Aí, ou esse cidadão coloca moedas a mais, ou paga a mais, ou a menos. Pagando a menos, “de cara”, leva uma multa que vai a 5 reais. Se, porventura, colocar uma moeda de 50 centavos com direito a meia hora, e passarem alguns minutos após essa meia hora, vai ter que pagar essa multa. Não pagando em 72 horas, terá que pagar 50 UFIRs - em torno de 56, 60 reais. Além disso leva três pontos na carteira. Isso é algo totalmente imoral, isso é institucionalizar o roubo! Neste Projeto de Lei do Ver. Sebastião Melo, em relação aos carros estacionados em áreas públicas, eu entendo que a Prefeitura ou a EPTC arrecada uma boa quantia de dinheiro, e é mais do que justo que esse dinheiro sirva também para as indenizações, se, porventura, forem quebrados os vidros de um carro, se o cidadão for assaltado e levarem seu carro, seus pertences, toca-fita ou toca-CD. Esse cidadão, ao meu ver, deve ser indenizado com esse dinheiro que é arrecadado de uma forma muito injusta, com fúria arrecadatória, de uma forma desequilibrada, trazendo muitas vezes pânico para a própria sociedade.

Há referência aqui aos buracos nas estradas ocasionando acidentes e danificando os carros. Acho mais que justo que esse dinheiro, que é arrecadado, sirva para indenizar os cidadãos de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, João Antonio Dib; Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o Projeto que me proponho a discutir na Pauta de hoje é o do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre o Programa de Prevenção e Controle do Diabetes nas crianças e adolescentes matriculados nas creches e demais estabelecimentos da rede municipal de ensino. Estava na Mesa avaliando o Projeto e até trocando algumas idéias com o Ver. João Antonio Dib. É um Projeto que tem um mérito e uma importância fundamental, uma doença que estima-se que, em nosso meio, sete de cada cem mil crianças tornam-se diabéticas a cada ano. São principalmente crianças em idade escolar e adolescentes. Entretanto, até mesmo crianças pequenas, lactentes, podem tornar-se diabéticas do tipo 1. Há estudos indicando que uma em cada duas mil e quinhentas crianças com idade inferior a cinco anos e uma em cada trezentas crianças ou adolescentes com menos de dezoito anos de idade são portadoras dessa diabetes melitos tipo 1, uma doença sobre a qual muito pouco se conversa, muito pouco se tem informações. E é uma doença considerada atualmente como uma das mais graves, uma das doenças crônicas de alta relevância e de alta taxa de mortalidade no mundo. Vemos, portanto, a importância deste Projeto ser discutido e ser comentado. De certa forma nós temos um papel fundamental, enquanto Vereadores e Vereadoras desta Câmara, de repassarmos informações importantes como esta neste Projeto.

Gostaria de salientar também que o art. 24, que promulgou a convenção sobre os direitos da criança, estabelece que os Estados reconhecem o direito da criança de gozar do melhor padrão possível e dos serviços destinados ao tratamento de doenças e a recuperação da saúde. E ainda, os Estados partes adotarão todas as medidas eficazes e adequadas para abolir práticas tradicionais que sejam prejudiciais à saúde da criança.

Portanto, é um Projeto com extremo mérito, com uma necessidade muito forte de ser discutido e debatido.

Lamentavelmente, eu vejo aqui no Projeto o Parecer da Procuradoria da Casa, da Sr.ª Marion, e ela faz um alerta, que eu gostaria inclusive de colocar para o Ver. Haroldo de Souza – mais adiante a gente pode estar discutindo isso - ; ela coloca que a proposição em tela, entretanto, pode ser de origem do Legislativo, mas não poderá dispor sobre as atribuições das secretarias municipais e também não poderá dispor sobre o aumento da despesa pública. Um alerta que eu faço para que o Vereador possa estar, talvez, apresentando esta proposta de uma outra forma, para que haja uma viabilidade técnica, inclusive, para a implantação deste Projeto nas creches e nas escolas, como tem a intenção o nobre Vereador desta Casa.

Outro Projeto que gostaria também de comentar, e que está na Pauta de hoje, é o Projeto da Ver.ª Margarete Moraes que inclui no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre a data alusiva ao 1.º Fórum Social Mundial – “Outro Mundo é Possível”. Importante esse lembrete que a Vereadora faz, e que seja marcado e demarcado no Calendário de Eventos da Cidade, porque é um evento que colocou, efetivamente, Porto Alegre como referência no mapa mundial. Todas as pessoas, todos os povos, todas as origens, todas as etnias que estiveram aqui durante o primeiro Fórum, o segundo, o terceiro, marcaram a cidade de Porto Alegre trazendo como referência esta importante Cidade para as discussões que houve naquele momento. Mais do que isso, aquele momento do Fórum Social Mundial representou um aumento na questão do comércio, na questão do turismo e da participação de pessoas na cidade de Porto Alegre. Eu não lembro de outro evento deste porte que tenha trazido tantas pessoas, tantos povos para esta Cidade, para discutir questões tão importantes e tão pertinentes para todos nós. Por isso quero louvar essa iniciativa. Com certeza, este Projeto é um projeto que devemos estar discutindo, lembrando, remarcando essa data, e, efetivamente, colocá-la no Calendário de Eventos da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exm.º Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que o Plenário tem muita importância, olhem para este Plenário. O Plenário precisa ter vida, e acho que nenhum Vereador lutou tanto pelo Plenário nesta Câmara como eu, que fui esquecido - creio que até pelo meu querido amigo Presidente –como membro da futura Comissão que cogita as modificações do Regimento Interno da Casa. Por surpresa, não fui cogitado! Todavia, quem trouxe o Plenário aqui para baixo? Quem foi? Clovis Ilgenfritz, através de um protesto solene meu, de três meses sem falar, até que o trouxessem para cá. Durante uma semana, permaneci sem ser advogado para fazer a modificação do Regimento Interno. Lembram-se? Muito bem, me assessoraram a Rosiméri Rocha Maurer e a Inês Margareth Haffner. Uma delas está aqui.

O Plenário precisa de apartes. Estou-me referindo indiretamente ao Ver. Zé Valdir. Quando um Vereador, um político ou um representante de um partido vem ao microfone dos apartes, tem que ser atendido. Entendam isso! Eu tenho vinte e seis anos e meio de Plenário. Se eu não entender de Plenário, me desculpem, para burro não dou! O Plenário vive de apartes, tanto que o Deputado Federal Getúlio Dias – lembram-se? -, meu adversário político em Brasília, era um grande Deputado. Quase não ia à tribuna, mas ele era o “rei dos apartes”. Sempre estava nos apartes. Acalorava o Plenário! O Plenário precisa de apartes, meus colegas. Claro que apartes regimentais, não apartes inoportunos, insolentes, descabidos, como de vez em quando aparece... São até hilariantes, aliás eles também dão vida ao Plenário; até os apartes anti-regimentais dão vida ao Plenário! Mas é preciso nos convencermos disso: o Plenário se alimenta dos apartes. Claro que educados, é preciso que oportunizemos ao orador na tribuna a intervenção do aparte, é disso que vive o Plenário! O Plenário expira e morre sem apartes!

Hoje, dediquei-me a esta intervenção, primeiro, porque acreditava que, assim como o Governo esqueceu-me na fisionomia de Porto Alegre - eu não o perdôo -, o Presidente desta Casa esqueceu-se do grande amigo dele e não o nomeou, não o indicou para pertencer à Comissão do Regimento. Eu levei uma semana, sozinho, solitário, enquanto se escoava o ano legislativo, com o Clóvis Ilgenfritz, lembram-se? Acho que se recordam disso, para oportunizar um Regimento que teve, evidentemente, modificações. Um homem sozinho fazendo isso, sem ser advogado, Ver. Luiz Braz. V. Ex.ª, que é um brilhante bacharel, sabe que este Vereador teve dificuldades. Manusear um Regimento, modificá-lo na última semana do ano legislativo, não vir às Sessões, é difícil, é muito difícil! Tive dificuldades - claro que tive - mas consegui cumprir a missão.

Quero fazer empenho para que todos aqueles proporcionem os apartes. O aparte é a alma do Plenário. Precisamos dele, é a intervenção dos outros na participação da tribuna. Se não tivermos participação, virmos para cá para lermos alguma coisa ou dizermos algo que ninguém refuta, onde existirá a casa do contraditório? V. Ex.ª é advogado, sabe disso. Um Plenário é a casa do contraditório!

A V. Ex.ª não perdôo, meu querido amigo João Antonio Dib!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr. Presidente, a Comissão do Regimento, à qual eu pertenço, já fez uma primeira reunião, e nós percorremos todo o Regimento, e apenas pinçamos aquelas matérias que seriam consenso entre todos aqueles que participam, hoje, desta Comissão do Regimento.

A próxima discussão vai ser feita na sexta-feira que vem - era para ser feita amanhã, mas não será possível. Eu me lembro muito bem de que, na última vez em que nós modificamos o Regimento, realmente o Ver. Pedro Américo Leal liderava a Comissão que estabeleceu o novo Regimento. Eu vou fazer um Requerimento a V. Ex.ª porque, nesta reunião para discutir a parte polêmica das modificações regimentais, seria muito bom termos conosco quem estava liderando a última modificação do Regimento. Peço a V. Ex.ª que indique o Ver. Pedro Américo Leal para estar junto na reunião de sexta-feira que vem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Deferida a solicitação de V. Ex.ª.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Para agregar a nossa concordância, pedimos que seja incluída a Ver.ª Maria Celeste, que tem uma contribuição importante devido ao último estudo que fez. Juntos, então, o Ver. Pedro Américo Leal e a Ver.ª Maria Celeste.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Deferida a solicitação do Ver. Juarez Pinheiro.

 

(O Ver. Elói Guimarães assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Tempo de Presidente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, ontem ocupei esta tribuna para falar sobre a verdade e coloquei os meus pontos de vista a respeito de afirmações que aí estão.

Sei que alguma coisa será explicada hoje, mas, é claro, não todas. E eu também não estou preocupado com isto, se eu forcei alguém a trabalhar um pouco mais. Mas, se eu ontem falei da verdade, em nome dessa verdade, eu preciso vir a esta tribuna dizer que, hoje, pela manhã, S. Ex.ª, o Sr. Prefeito Municipal, compareceu a esta Casa, acompanhado de alguns de seus Secretários e alguns representantes do Orçamento Participativo e trouxe, na forma de Lei Orgânica, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias.

É verdade que não está escrito em lugar nenhum que cabia ao Prefeito trazer à Câmara esse Projeto de Lei muito importante na vida da Cidade.

É verdade que, no ano passado, ele fez isso, mas também é verdade que, em outros anos, alguns prefeitos, por razões diversas, não o trouxeram e mandaram por intermédio do seu Secretário do Governo ou do Secretário da Fazenda.

Também é verdade que o Prefeito estava à disposição para responder qualquer pergunta que lhe fosse formulada. Duas perguntas foram formuladas, e ele respondeu. Então, eu precisaria, antes e acima de tudo, dizer a verdade.

O Parlamento é a casa do debate; o Parlamento é onde as idéias afloram, os idealizadores trazem, através da palavra, as suas posições e, no debate, com o aparte, as idéias são aprimoradas.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não haverá Parlamento sem Regimento. E se nós não formos militares, rigorosos no tempo, não teremos Parlamento, não teremos ordem, não teremos disciplina, e isso é necessário. Há uma necessidade profunda de concisão. As idéias devem ser claras, precisas, concisas e submetidas ao oponente, ao adversário ou até ao correligionário, para que possa o Parlamento realmente crescer.

E eu quero que o Parlamento cresça. Eu, na verdade, sofro sentado ali, porque, muitas vezes, eu gostaria de pedir um aparte e fazer uma colocação rápida, mas eu observaria sempre o tempo e não passaria dele. Então, na verdade, eu sou favorável ao aparte, eu sou favorável ao debate para clarear as idéias.

Foi definida pela Presidência a ida da Comissão de Saúde ao Hospital Presidente Vargas. O Presidente, nesta semana, recebeu funcionários do Hospital, que colocaram alguns dos problemas que coincidiram com as afirmações dos Vereadores hoje. O Presidente da Comissão de Saúde convidou todos os Vereadores que quisessem acompanhá-lo na visita. Lá não foi só a Comissão de Saúde. Gostaria de deixar claro, em nome da verdade.

Em nome da verdade, também, volto à reunião com o Prefeito, na manhã de hoje, para dizer que o meu posicionamento na tribuna, onde sou realmente um crítico muito duro, contundente, muitas vezes, nunca é por posição política. Sim, porque a minha formação assim me faz agir. Sempre disse desta tribuna e em outros lugares por onde andei que, lá no Executivo, eu era um técnico com sensibilidade política; e aqui, nesta tribuna, eu tinha que ser um político com formação técnica, para que eu pudesse fazer da melhor maneira o meu trabalho. Isso me permitia dizer, hoje, perante os Conselheiros do Orçamento Participativo, que a Câmara estava pressionada financeira e economicamente, porque não tinha recursos para ser administrada convenientemente. E fiquei muito feliz, porque o Prefeito trouxe com ele o Secretário do Planejamento, o Chefe do GAPLAN, o Secretário da Fazenda, o Secretário da Administração, o Secretário de Obras e o Secretário do Governo, para que soubessem - porque alguns deles são Vereadores, como é o caso do Sr. Gerson Almeida e do Sr. Guilherme Barbosa -, as dificuldades de se administrar uma Casa como esta sem os recursos necessários, onde um centavo não foi suplementado, onde o orçamento foi espremido, e não vai acontecer neste ano com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e com o Orçamento. Não vai acontecer! Tive a satisfação de dizer para ele, na frente dos conselheiros do Orçamento Participativo, que uma Casa do Povo desestruturada, que representava aqui os conselheiros do Orçamento Participativo, representaria também uma Cidade desestruturada, um governo desorganizado, porque, na forma da Lei Orgânica, na forma da Constituição, dois são os Poderes, independentes e harmônicos. Portanto, é essa a colocação que eu queria fazer em nome da verdade, dizendo que o Regimento, na sua reformulação, feito com carinho pelo Ver. Pedro Américo Leal, que agora vai participar da nova Comissão, precisa e deve ser respeitado, senão, nós é que não seremos respeitados. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Ver. João Antonio Dib assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara, primeiro, eu gostaria de registrar a presença do Prefeito João Verle, hoje, com todos os Secretários das áreas afins e relacionadas ao Orçamento, finanças, receitas da Prefeitura, para, além de entregar a LDO ao Presidente, poder debater com os Vereadores a situação no Município de Porto Alegre no que se refere às suas finanças, aos seus orçamentos, às medidas tomadas e às suas receitas. Infelizmente, quero lamentar que a oposição, sua grande maioria, Ver. Cassiá Carpes, não estava presente, o que, no mínimo, é estranho, porque, várias vezes, a oposição exigiu a presença do Prefeito aqui, exigiu a presença de Secretários aqui. Os Secretários vieram, inclusive não foram chamados outros Secretários, mas nós chamamos o Sr. Eliezer Pacheco, Secretário da Administração, e o Sr. Rogério Favretto, Procurador do Município para explicar a dívida ativa do Município e as medidas que estavam sendo tomadas. Também naquela ocasião, na CEFOR, não tinha a presença da oposição, a não ser pelos membros que compõem a CEFOR. O Ver. Sebastião Melo estava na CEFOR; era o único que estava. Hoje o Prefeito veio aqui com seus Secretários para responder tudo, e apenas três Vereadores da oposição estavam, além do Presidente: o Ver. Elói Guimarães, Ver. Ervino Besson e Ver. Elias Vidal. Como eles foram testemunhas, o Prefeito respondeu cada pergunta que lhe foi dirigida, ele estava lá e se preparou para isso, inclusive em respeito ao Legislativo. É uma pena que tenhamos perdido essa oportunidade de fazer um debate com mais Vereadores. Mas é importante registrar a presença, Ver. Pedro Américo Leal, do Prefeito aqui, respeitando o Legislativo, cumprindo com o compromisso que tinha de vir a esta Casa, de se reunir com o Presidente, de se reunir com os Vereadores, trazer os seus Secretários para poder responder todas as perguntas. Ficou prejudicado o debate, mas o Prefeito cumpriu com a sua parte e com as suas obrigações.

Gostaria de, em se tratando do pronunciamento do Sr. Presidente, de ontem, poder responder às questões dos repasses à Saúde. O Ver. João Antonio Dib tratou aqui do repasse, e eu gostaria que a TV Câmara pudesse mostrar (mostra o Ofício) o repasse do Ministério da Saúde, de 27 milhões de reais. Neste próprio repasse que aqui está, na parte de baixo deste Ofício, temos um site do Ministério da Saúde. Aqui diz que Porto Alegre recebeu 27 milhões de reais, e, para quem quer maiores detalhes, sugere que abra o site. Ao abrir o site, há lá essa verba de 27 milhões de reais destinada. Mas é importante mostrar, bem no rodapé da página, que lá estão 13 milhões de reais de desconto desses 27 milhões. Portanto, Ver. Pedro Américo Leal, a Prefeitura recebe 27 milhões de reais, mas já descontados em 13 milhões de reais, sobram 14 milhões de reais. Para onde foram os 13 milhões de reais descontados e por que eles são descontados? São descontados, porque os prestadores de serviço na área da Saúde recebem diretamente essa verba e não a Prefeitura de Porto Alegre.

De novo, nós vamos lá no site, e há ali todos os descontos, ponto a ponto, quem recebeu a verba. Temos lá o Hospital Espírita, Sanatório Belém, Sociedade Beneficência Portuguesa, Fundação Universitária de Cardiologia, Santa Casa, Hospital Cristo Redentor, Fêmina, Nossa Senhora da Conceição, e assim por diante. No final desse site, há o total do que as entidades receberam diretamente, que perfaz o valor de 13 milhões de reais, que é exatamente o valor que é descontado dos 27 milhões de reais. Então, nominalmente, 27 milhões de reais para Porto Alegre; o Ministério desconta 13 milhões de reais, sobram 14 milhões, para onde foram os 13 milhões de reais? Para os prestadores de serviço de saúde, diretamente, como o próprio Ministério da Saúde, junto ao Fundo Nacional de Saúde, informa. É importante esclarecer, porque é um tema sério, importante, e nós gostaríamos de ter feito isso ontem, não dava mais tempo, mas estamos respondendo agora porque os ofícios do Ministério vêm com valor total, mas não vem discriminado o desconto e para quem vai esse desconto. Então, Porto Alegre tem compromisso com a Saúde. Investe, cada centavo que recebe, em saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Com satisfação, anuncio a presença dos jovens integrantes da Juventude Socialista Brasileira, de Gravataí, João Batista Bames Pinto e Filipe Busatto. Saúdo-os. Espero que os jovens saibam encaminhar-se bem na política, porque a nossa certeza no dia de amanhã são os senhores. Saúde e paz!

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, quero, neste momento, fazer um registro de uma data significativa, que é a data de 28 de maio. Uma data configurada pelo Movimento de Mulheres como um dia de luta contra a mortalidade materna. Essa data foi assim definida, considerando a necessidade de uma prioridade na área das políticas públicas de saúde que é enfrentar a taxa de mortalidade materna do Brasil. Esta questão, inclusive, é enfrentada em vários países do mundo, através dos Comitês de Prevenção em Mortalidade Materna. Hoje, no Brasil, o índice que apontamos é de cento e cinqüenta e oito casos para cada dez mil partos. O que nós achamos que tem de ser registrado é que nas sociedades, nos Municípios, nos Estados, onde se criaram os Comitês de Prevenção à Mortalidade Materna, eles têm se constituído como instrumentos importantes de diagnóstico no atendimento das mulheres no período da gravidez. É importante registrar que, em Porto Alegre, há quase dez anos, já existe o Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna a partir de iniciativa desta Casa, de um Projeto de Lei de minha autoria, que foi aprovado por unanimidade pelos Srs. Vereadores e que se antecipou inclusive a uma ação do Congresso Nacional, onde as parlamentares criaram uma Comissão Especial para investigar a realidade da mortalidade materna em nosso País. Essa Comissão detectou que grande parte das mulheres que morrem no período da sua gravidez, que morrem pelo fato de terem optado pela maternidade ou que morrem no período posterior ao parto, em sua grande maioria, essas mortes poderiam ter sido evitadas se, efetivamente, lhes fosse garantido um programa de atenção integral à saúde da mulher.

Isso significa que nessa fase todas as mulheres deveriam ter acesso nas Unidades de Saúde, de atendimento pré-natal, com possibilidade dos exames clínicos necessários à prevenção de algumas doenças que, muitas vezes, levam à morte das mulheres e outras vezes das crianças, logo nos seus primeiros meses de vida.

Esta questão é tão grave, que, inclusive o movimento de mulheres se organizou, internacionalmente, em um Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna, como uma forma de pressionar os Governos a criar programas específicos, o chamado PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher – dentro das Secretarias Municipais de Saúde.

Se por um lado, temos de registrar um avanço de Porto Alegre, da existência de um Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna, temos de lamentar a ausência de um programa descentralizado de atendimento às mulheres no período da sua gravidez, nas unidades de saúde, que permitiria às mulheres de baixa renda, às mulheres que, inclusive, na sua maioria têm o maior número de filhos e, portanto, um maior número de gestações, que correm, conseqüentemente, maiores riscos, e por não poderem fazer os exames particulares, muitas vezes pagam com a vida a opção da maternidade.

Então, eu queria, no Dia da Prevenção à Mortalidade Materna, fazer um registro da luta que todos os Parlamentos devem fazer para que sejam criados os Comitês de Prevenção à Mortalidade Materna e a política de assistência integral à saúde da mulher.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ZÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, eu constato que não há quórum e requeiro verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, há um Vereador na tribuna, e eu não posso fazer a verificação de quórum.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu estou fazendo um Requerimento de verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): V. Ex.ª pode fazer o Requerimento que quiser, e eu acolho.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Não há quórum no Plenário, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): V. Ex.ª saiba que há um orador na tribuna, e eu não posso fazer verificação de quórum, em respeito ao Vereador e à própria Casa. Eu lembraria a V. Ex.ª...

 

O SR. ZÉ VALDIR: Eu solicitei a V. Ex.ª antes, fui até a mesa e solicitei a V. Ex.ª. Há seis ou sete Vereadores no Plenário, não há quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não devo dialogar com V. Ex.ª, mas farei isso. Quando V. Ex.ª disse que iria fazer o Requerimento, eu chamei a sua atenção para o fato de que há uma Comissão de Vereadores em trabalho externo. Acho um desrespeito também àqueles Vereadores que vão trazer uma resposta à Casa. No entanto, eu contei dez Vereadores, então eu acho...

 

O SR. ZÉ VALDIR: Dez Vereadores não dá quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não dá quórum, mas há um orador na tribuna, e eu não posso...

 

O SR. ZÉ VALDIR: Eu também acho um desrespeito não atender à solicitação de um Vereador. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª foi atendido e inclusive conseguiu um diálogo com a Presidência. Eu gostaria que entendesse isso, eu não posso e não conheço, em trinta e dois anos, que se verificasse quórum com orador na tribuna.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, eu lamento que o Ver. Zé Valdir esteja nervoso, querendo interromper a Sessão e não querendo que este Vereador utilize a palavra. Mas eu vou aqui, neste tempo de Liderança do meu Partido, estranhar um fato: o Sr. Prefeito Municipal poucas vezes veio a esta Casa dar satisfação dos seus atos, ele sempre passou por cima desta Casa...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sr. Vereador, eu quero interromper um segundo só. Contei mal, há treze Vereadores no Plenário.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Treze Vereadores no Plenário, quatorze Vereadores no Plenário. Então o que pode acalmar um pouco o Ver. Zé Valdir, que não quer que a Sessão prossiga. Mas, Sr. Presidente, raras vezes, nos últimos tempos, nós vimos o Sr. Prefeito Municipal com a intenção de vir aqui querer prestar contas a este Legislativo ou, pelo menos, de tentar respeitar este Legislativo. O que a gente geralmente vê na posição do Executivo é o que se reflete aqui na posição de alguns Vereadores que querem tumultuar a Sessão da Câmara e não querem aqui os pronunciamentos dos Vereadores de oposição. Mas imaginem os senhores: o Sr. Prefeito Municipal veio aqui um dia após o Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, vir a esta tribuna e fazer uma série de constatações referentes ao Orçamento desta Cidade.

O Vereador Líder da Bancada do PT hoje trouxe alguns documentos explicando, Ver. João Bosco Vaz, alguns repasses com referência ao SUS, que foram citados ontem pelo Ver. João Antonio Dib e que foram aqui, pelo menos parcialmente - não totalmente, mas parcialmente - esclarecidos pelo Vereador Líder da Bancada do PT.

Mas o mais grave não foi esclarecido, Ver. Elói Guimarães. O mais grave está contido exatamente na declaração do Sr. Prefeito Municipal de que nós tínhamos um “furo” no Orçamento de cerca de 75 milhões de reais, e, de acordo com os números que foram trazidos aqui, já no ano passado, nós tivemos um superávit na arrecadação com referência à transferência de ICMS, no IPTU, no ITBI, em praticamente todas as rubricas nós tivemos superávit! E naquela participação dos Municípios, o superávit foi além dos 70%. Ora, um Município que trabalha com tanto superávit não podia, de forma alguma, estar falando em déficit. Mas o Prefeito Municipal veio a esta Casa, não para dar essas explicações ou qualquer resposta aos Srs. Vereadores, porque eles nunca tiveram esta preocupação! Sempre que os Secretários ou o Sr. Prefeito Municipal vieram até aqui, eu não me lembro de uma vez em que tenha sido usada a verdade. Todas as vezes foi para “enrolar” esta Casa!

E eu me lembro de uma vez em que o Prefeito Tarso Genro, agora Ministro, veio a esta Casa aqui e disse que tinha um programa para retirar todas as crianças da rua; ou me lembro de uma vez em que foi também dito que, de repente, nós tínhamos recursos para habitações e, de repente, não vemos aparecer as habitações nesta Cidade.

Ele veio a esta Casa só com um objetivo: pedir aos Vereadores desta Casa - e fez muito bem a oposição de não estar presente - que fosse aprovada a Taxa de Iluminação! Só para isso, para aumentar impostos, para tirar mais da população; é para isso que o Sr. Prefeito Municipal esteve aqui, hoje de manhã, e, graças a Deus, a maioria da oposição não compareceu, porque nós não temos mais de ouvir esse tipo de pedido, porque esta Casa não tem de aprovar mais nenhum aumento de imposto, e esta Casa vai fazer corar esta Cidade, se nós viermos aqui aprovar essa Taxa de Iluminação Pública. Nós não podíamos nem examinar, mas, já que o Projeto está aqui, e nós somos obrigados a votar os Projetos que estão aqui, eu acredito que esta Casa deva rejeitar de plano esse Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Comunico aqui a presença do Ver. Inocente Grando, do PSB de São Valentim; é o Presidente da Câmara. Sinta-se em casa. Saúde e paz!

O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores. Por que os Líderes da oposição não foram ao encontro do Prefeito, na presidência? Pela minha análise, nós devíamos fazer o debate aqui no plenário, com os trinta e três Vereadores; não há motivo para que sejam só Líderes, num momento importante de Porto Alegre, quando se exige um esclarecimento firme e definitivo das contas que ninguém consegue entender, um debate claro do Legislativo com o Executivo, para que tenhamos, sem dúvida, o equilíbrio de Poderes. Num gabinete, com todo o staff, ficaria muito pressionado, o Prefeito não daria as informações que nós aqui no Plenário, aqui no campo do debate, no campo das idéias, do contraditório, nós pudéssemos sentir do Prefeito, com firmeza, olhando nos olhos de todos os Vereadores, a realidade de Porto Alegre, porque até ela agora, a cada dia, aparece com problemas, com detalhes que não fecham nesse intrincado déficit de 75 milhões em Porto Alegre.

Quero ser coerente novamente, quero aqui dar uma posição clara, quem sabe, antes dos outros, de que também, como não concordo com o Orçamento Participativo, não vou concordar com o COMUDE. A Câmara não pode assinar um cheque em branco. A Câmara, a partir de agora, tem de ter as prerrogativas firmes deste Plenário. Não serei cabo eleitoral de nenhum outro Partido. Quando nós contestamos o Orçamento Participativo, que não mais representa Porto Alegre, que não mais satisfaz a população de Porto Alegre, nós não criaremos outro engodo para enganar a população de Porto Alegre com o COMUDE, com a aprovação da Câmara Municipal. Não! Nós queremos é a Câmara participando definitivamente da vida de Porto Alegre. Nós não temos mais capacidade de opinar sobre a taxação da água, que, entre o ano passado e este ano, subiu mais de 50%. Nós não temos mais a participação no aumento da passagem de ônibus. Nós não temos a participação no IPTU, mas quando querem aumentar... “Manda para Câmara, que os Vereadores aumentam.” Não, e agora, a contribuição de iluminação pública.

Esta Câmara tem de ser firme, é a única e exemplar oportunidade de dizer não ao Executivo, mostrar a força deste Legislativo, para que tenhamos, como disse o Presidente, um Regimento “enxuto”, um Regimento que valha a pena, que tenha realmente o comportamento dos Vereadores desta Casa.

A Câmara tem um momento ímpar, em Porto Alegre, de mostrar a sua força como Legislativo, como poder de equilíbrio com o Executivo. O Legislativo não pode mais, quando, pela força do Executivo, inclinar-se a votar aquilo que interessa ao Executivo, e nem tantas vezes à cidade de Porto Alegre. É o momento importante de esta Câmara tomar posições firmes, como Legislativo, como ponto de equilíbrio, como ponto de apoio, mas com prerrogativas firmes, corretas, defendendo a população de Porto Alegre, mostrando a realidade.

E quero-me congratular com o Presidente João Antonio Dib, que se tem mostrado, nesses últimos dias, firme com a decisão de mostrar à sociedade porto-alegrense a realidade de Porto Alegre, que é muito difícil. Não existe mais Orçamento Participativo.

Inclusive, fomos, terça-feira, com a Comissão de Direitos Humanos e do Consumidor, no Humaitá, onde vimos um valão que está há mais de dez anos aberto, Ver. Luiz Braz, e o Orçamento Participativo diz que não tem dinheiro para fazer aquela obra que está dentro de um parque, atrás de duas escolas e consumindo ali esgoto, claramente prejudicando a população. Muito obrigado, Presidente. Posições firmes, porque este Legislativo tem que estar firmemente baseado na verdade e na justiça.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tenho a satisfação de anunciar a presença do Ver. Leomar Fraga, do PTB de Cidreira. Sinta-se em casa como extensão da sua própria. Saúde e paz!

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, volto a ocupar esta tribuna para, mais uma vez, falar sobre a questão da Previdência em nível nacional. E volto a insistir que eu gostaria de ouvir a posição dos Srs. Vereadores a respeito dessa temática, porque eu volto a dizer: embora o nosso Partido PSB faça parte do Governo Federal, nós não aceitamos essa posição em relação aos funcionários públicos, quanto à questão das mulheres terem cinqüenta e cinco anos e dos homens sessenta anos para a aposentadoria, não levando em consideração o tempo de contribuição. Já dissemos, já recebemos inúmeros e-mails, citando casos de mulheres de cinqüenta e cinco anos, algumas com quarenta, outras com trinta e oito anos de trabalho configurado de contribuição. Alguns homens com quarenta, quarenta e dois anos. Então, nós questionamos, isso não é justo. Por que esse servidor vai ser penalizado?

E eu volto a dizer mais uma vez: reproduz o sistema da nossa sociedade em que a classe pobre, a classe trabalhadora é aquela que primeiro começa a trabalhar por necessidade. Então, quando consegue uma carteira assinada e ingressa depois no serviço público, tudo isso com o tempo de contribuição, ela é penalizada, tendo tempo de contribuição de mais de quarenta anos. Não. Tem que esperar os sessenta anos.

Então, no nosso entendimento, isso é injusto, e nós temos que fazer essa discussão aqui na Casa, porque eu entendo que, se cada Câmara Municipal se manifestar, elas podem ser o tambor das diversas Câmaras contra as posições definidas por parte do Congresso Nacional com as suas alterações, porque este é o tema que está posto, e entendemos que não é justo pegar o funcionário público como grande vilão da história.

Eu já disse que o grande problema da má-administração e da má-gestão da Previdência é por culpa dos gestores públicos, seja em nível municipal, estadual ou nível federal, porque, ao longo desses anos, não se preocuparam em fazer os seus fundos, achando que nunca iria acontecer essa questão previdenciária que acontece hoje. Felizmente a população do nosso País é uma população que está vivendo mais, mas nós queremos ser uma população de idosos com qualidade de vida e com dignidade. Então, nós temos que fazer essa discussão, e esta Casa é própria para isso, porque aqui é o Parlamento, o lugar onde se discute.

Volto a insistir com os Srs. Vereadores para que tomem as suas posições. Eu acho muito importante isso, porque, neste momento, nós enxergamos que o funcionalismo público está sendo taxado como o grande vilão da história, e nós não entendemos isso. O funcionário público é um funcionário como os demais, é um funcionário que ingressou no serviço público através de concurso, optando por uma carreira pública e, de uma hora para outra, há uma mudança de sistema, com sistemas diferentes; enquanto que, na iniciativa privada, são garantidos trinta e cinco anos de serviço, com cinqüenta e três anos de idade para os homens; e trinta anos de serviço, com quarenta e oito anos de idade para as mulheres. Mas no serviço público, não! Eu volto a dizer: mostro para os Srs. Vereadores e para as Sr.ªs Vereadores, esses e-mails: senhoras mostrando que precisarão trabalhar quarenta anos, ou seja, terão dez anos de contribuição, mas terão de esperar completar cinqüenta e cinco anos. Enquanto que os homens, alguns com quarenta, quarenta e dois anos de serviço, precisam completar a idade de sessenta anos.

Então, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, temos que discutir e aprofundar. Volto a dizer que, se cada Câmara Municipal deste nosso País - são mais de cinco mil – se manifestar, mostrar o seu posicionamento, tenho a certeza de que o Congresso fará Emendas com essas alterações para corrigir, em tempo ainda, essas distorções, antes que passem sem nenhuma alteração. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solicito aos Srs. Vereadores que estão presentes em seus gabinetes que compareçam ao Plenário, pois, em breve, entraremos na Ordem do Dia.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu ouvia, agora, o Ver. Carlos Garcia e recebia do Ver. Luiz Braz algumas informações. Sem dúvida nenhuma, eu observo que o Ver. Carlos Alberto Garcia se incorpora no rol daquelas pessoas que estão constatando que a panacéia anunciada das reformas propostas pelo Governo - no qual o seu Partido se integra -, não são exatamente aquelas que são divulgadas nos comerciais de rádio e televisão, e que não resistem a uma análise mais profunda para que se apresentem as contradições nelas contidas, aliás, repetição de alguns temas já esgrimidos pela equipe do Presidente Fernando Henrique, e que, em verdade, Ver. Carlos Alberto Garcia, já estão absolutamente delineados e definidos como impossíveis de serem realizados. Aquelas medidas, Ver. Pedro Américo Leal, que já foram objeto de deliberação do Congresso anterior e que o Poder Judiciário sustou, certamente o serão novamente, em que pese essa imensa mobilização da mídia nacional para comprometer a opinião pública com um projeto de reformas que lhe é apresentado de uma forma, Ver. Luiz Braz, mas que, na verdade, é completamente diferente.

Ora, não há dúvida nenhuma de que o legislador constituinte inseriu na nossa Carta Maior uma série de disposições que não têm como ser alteradas, porque a própria Constituição o impede de assim proceder, porque a Constituição Federal estabelece que os direitos e garantias individuais são insuscetíveis de mudança. E, como tal, Ver.ª Clênia Maranhão, pretender que os aposentados que foram contratados, que exerceram as suas atividades sob a égide de uma legislação, possam, agora, ver alterado o seu relacionamento e subtraído de contribuições que lhes imporiam, com essa pretendida reforma, é mais do que um sonho de verão, é uma manobra semelhante àquelas que estão ocorrendo aqui na praça, em que a gente prensa de um lado para liberar de outro.

O que se está querendo é criar toda essa discussão nacional em torno da possibilidade de se taxar as aposentadorias vigorantes no País, nos dias atuais, para, logo a seguir, ensejar um falso entendimento, em que o recuo dessa proposição, proposição essa, repito, impossível de se realizar, salvo se rasgarem a Constituição Brasileira, para que se supere esse impasse e crie-se a solução de outra forma. E já se trombeteia no ar como vai ser: vão mexer na CPMF, vão criar uma sobrealíquota da CPMF ou vão criar faixas novas no Imposto de Renda, que é uma das outras tentativas.

Em verdade, Ver. Carlos Alberto Garcia, saúdo o pronunciamento de V. Ex.ª, não estão querendo reformar coisíssima nenhuma, o que se quer fazer é uma derrama fiscal, é tomar mais dinheiro do contribuinte, é buscar mais recursos para manter em atividade um Estado ineficiente que, ultimamente, só cogita em fazer superávit financeiro para pagar os financiamentos internacionais que o Brasil tomou, para honrar os compromissos com o FMI e assegurar ao Presidente Lula os elogios da imprensa internacional, que diz que o Presidente está surpreendendo pela sua eficiência. Em verdade, o Presidente, neste estágio atual, é o Presidente paz e amor, mas é paz e amor com os grandes detentores do poder econômico do País e fora dele, sustentando essa regra....

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, seu tempo está esgotado.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: ... pela qual se paga o mais astronômico juro do mundo, sustentando essa regra, desestimula a produção, desaquece a economia, e, mais do que isso, gera um aumento no desemprego, que atingiu, neste mês, recorde absoluto no País nos últimos dezoito anos.

Por isso, Sr. Presidente, eu saúdo o Ver. Carlos Alberto Garcia, da base do Governo, que já começa a se acordar e observa que a lua-de-mel do Lula com a sociedade brasileira começa a ter os seus dias contados.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Chamo a atenção dos Srs. Vereadores que estão em seus gabinetes para a entrada na Ordem do Dia. E como há uma comissão externa, precisamos da presença de todos os Vereadores. Solicito, neste momento, a liberação do painel para que os Srs. Vereadores possam registrar as suas presenças. (Pausa.) Encerrada a verificação de quórum. Lamentavelmente, há dez Srs. Vereadores presentes. Ver. Elói Guimarães e Ver. Elias Vidal registrem suas presenças... Depois de encerrada a verificação, eu não tenho como fazer... Mas, de qualquer forma, anotamos a presença dos Vereadores Elias Vidal, Elói Guimarães, Juvenal Ferreira, Valdir Caetano. O Ver. Zé Valdir olhando os acontecimentos. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h51min.)

 

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